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sábado, 31 de janeiro de 2015

Renato Rabelo conclama unidade pelo desenvolvimento do Brasil  - Portal Vermelho

Renato Rabelo conclama unidade pelo desenvolvimento do Brasil  - Portal Vermelho

Com
o objetivo de refletir sobre a configuração social e política do Brasil
nos últimos anos e buscar pistas para entender a contradição por trás
da dicotomia avanço/atraso, teve início na noite desta sexta-feira (30),
na sede do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o 3º
Seminário de Estudos Avançados.




Foto: Cezar Xavier
“A grande questão, hoje, é por onde alavancar esse crescimento. Um dos caminhos é a modernização do setor logístico do país, já fomentado pela presidenta Dilma”, afirmou Renato Rabelo. 
“A grande questão, hoje, é
por onde alavancar esse crescimento. Um dos caminhos é a modernização do
setor logístico do país, já fomentado pela presidenta Dilma”, afirmou
Renato Rabelo. 



A atividade, que é organizada pela Secretaria Nacional de Formação
e Propaganda, através da Escola Nacional de Formação João Amazonas e da
Fundação Maurício Grabois, foi aberta pela conferência “Significado e
alcance da quarta vitória do povo brasileiro e os desafios do
desenvolvimento”, conduzida pelo presidente Nacional do PCdoB, Renato
Rabelo. O evento que reúne cerca de 90 quadros e lideranças do Partido,
vindos de 20 estados brasileiros, tem como objetivo realizar um
movimento de análise da realidade concreta para, assim, cimentar o
entendimento dos desafios de um novo ciclo de desenvolvimento social.



Ao longo de mais de duas horas, Renato Rabelo apresentou um raio x da
conjuntura nacional, indicando a importância do significado e alcance da
quarta vitória do povo brasileiro, com a recondução da presidenta Dilma
Rousseff à presidência, e os desafios da luta pelo projeto nacional de
desenvolvimento.



Luta política




Renato Rabelo alertou para a acirrada disputa política em curso e
destacou que para entender o governo é preciso levar em conta o contexto
social, politico e econômico, ou seja, as condições objetivas, que
atravessamos. “Temos que compreender as condições para, assim, entender a
complexidade, a agudez dos desafios que estão postos”, salientou ele.





O presidente do PCdoB lembrou que um dos principais desafios para 2015 e
a retomada do desenvolvimento, alinhado a um movimento que frei o
avanço da desigualdade, a concentração da riqueza, endividamento publico
e das famílias. E pontuou que, na atual conjuntura, somente a esfera
financeira deita em berço esplêndido. “Ônus ficou para os trabalhadores e
trabalhadoras, não só do Brasil, mas de todo o mundo, e para a maioria
da economias nacionais”.



Ele lembra que o sistema mundial vive um impasse, chamado por alguns de
“síndrome crônica de déficit de demanda”. Tais reflexos chegaram ao
Brasil e sentimos como resultado desse impasse grande estagnação, queda
dos preços das commodities, por exemplo. Esse cenário, indica Rabelo,
quando associado às dificuldades estruturais internas, às oscilações
climáticas, ao baixo crescimento, ao limite da meta, ao déficit em conta
corrente, sem falar no avanço das forças de direita e o papel do
consórcio oposicionista, determinam difíceis condições para o país
avançar.



O líder comunista ressaltou que as eleições presidenciais evidenciaram
uma aguda disputa política ideológica, que resultou em um cenário com
distintas correlações de forças, tendo como resultado a estruturação de
um Congresso ainda mais conservador. “Diante desse cenário, o governo
tendeu para uma manobra que nos leva a uma flexão na orientação
econômica e na formação do governo”, ponderou. E completou: “O quadro
atual deixa claro que o momento é de reforço da unidade, pois nossa luta
é contra a oposição conservadora”.



Retomada do crescimento



“A retomada do crescimento de forma progressiva e continuada é
fundamental para o avanço nas mudanças”, reafirmou o presidente do
PCdoB. Ele lembra que o Brasil possui um grande potencial para o seu
crescimento, seja por ser um grande mercado, seja pela sua atratividade
como território global para os investimentos [atualmente o Brasil ocupa o
5º lugar no ranking de preferencia para investimentos estrangeiros].



Foto: Cezar Xavier






“A grande questão, hoje, é por onde alavancar esse crescimento. Um dos
caminhos é a modernização do setor logístico do país, já fomentado pela
presidenta Dilma”, afirmou Renato Rabelo, ao comentar que o governo
Dilma tem como projeção investir nesse setor recursos da ordem de R$ 1
trilhão de reais.



Ao falar sobre o ajuste fiscal, Renato Rabelo alertou que é preciso
parcimônia, pois esse debate exige uma reflexão ampla tanto no interior
da sociedade civil como no Congresso Nacional. “O PCdoB defende um
ajuste que garanta o estimulo à produção e consumo, aumento da
capacidade do investimento público, que assegure as conquistas sociais e
trabalhistas. Para tanto, um caminho justo é a tributação das grandes
fortunas”.



Ele lembra que na proposta do governo o que está colocado é um ajuste
gradativo, sem comprometer o emprego e a renda. “Avaliamos que uma linha
contracionista é nociva para o próprio desenvolvimento da economia
nacional nesse momento”, avisou Renato.



Contribuição do PCdoB



Na oportunidade, o presidente nacional do PCdoB citou a proposta enviada
à presidenta Dilma que apresenta soluções para a retomada do
crescimento do país. Ele ainda fez duras críticas para o que chamou de
tripé nocivo da economia – superávit primário, taxa de juros e câmbio -,
que da forma que está só desequilibra e prejudica o crescimento do
país.



E destacou que “para se alcançar os objetivos estratégicos necessários
para que o Brasil siga firme nas mudanças, é preciso delinear e executar
um novo projeto nacional de desenvolvimento que dê conta das condições
históricas atuais”.



Renato Rabelo ainda lembrou que os comunistas não devem perder de vista
que, ao mesmo tempo em que travamos a luta para consolidar uma nova
forma de governar, o mundo assiste a uma violenta reestruturação geral
do pensamento neoliberal, que se intensifica com a crise sistêmica e
estrutural do capitalismo.



Centralidade das forças sociais



Diante do exposto, Renato voltou a falar da centralidade de se reunir
forças maiores para garantir o lastro de uma frente que possibilite ao
Brasil seguir no caminho do desenvolvimento sem perder de vista os
direitos sociais e dos trabalhadores. “Constatamos que a sociedade está
ansiosa para garantir avanços, ela almeja, justamente, maiores
conquistas. A condição para isso é a retomada do desenvolvimento”.



Todavia, o dirigente nacional alertou que há, efetivamente, uma
convergência tácita para fragmentar os setores que lutam pelo avanço de
um país justo e que valorize o trabalhador. Desse modo, afirmou ele, “a
resposta à disputa de hegemonia política e cultural no sentido mais
avançado não terá êxito com uma esquerda fragmentada e atomizada. Pelo
contrário, só com a junção de forças, com a definição de uma plataforma
comum e atual, é que teremos munição para uma ação ampla e robusta, que
se converterá em uma reposta candente às exigências atuais, necessárias
para o avanço transformador da atualidade”.



E completou: “Não devemos perder de vista a atualidade e vivacidade que
possui o programa do Partido. Entender a sua aplicação aos desafios da
atualidade, com foco na realização e execução do Novo Projeto Nacional
de Desenvolvimento (NPND), com vistas a implantar uma transição ao
socialismo, torna-se fundamental diante da atual conjuntura”.



Assim, orientou o líder comunista, urge a elaboração de um esboço da
situação e papel do movimento de esquerda e comunista no Brasil e no
mundo. “Precisamos olhar para caldo produzido no 13 º Congresso do
Partido, para assim entender os impactos dos resultados das eleições de
2014”.



Por fim, ele ponderou que “vivemos em um período de grande dispersão e
confusão, dessa forma, fortalecer a identidade do partido e o seu
projeto é fundamental para garantir o enfrentamento às forças
conservadoras. Nós devemos tomar nas mãos é o PCdoB hoje, ter ciência
dos seus desafios, está preparado para essa nova realidade”.



Joanne Mota

Da Redação do Vermelho



quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Grabois :: 27 de janeiro de 1944: “Leningrado rompe o cerco nazista!”(Notícias)

Grabois :: 27 de janeiro de 1944: “Leningrado rompe o cerco nazista!”(Notícias)

Hitler tinha planos especiais para a cidade
que havia sido o berço da Revolução de Outubro. De início, estava
disposto simplesmente a ocupá-la. Mas a obstinada resistência oferecida
pelo Exército e pela Marinha em defesa da cidade o exasperaria a tal
ponto que ele ordenou que as eventuais ofertas de rendição das forças
que defendiam Leningrado fossem ignoradas. A cidade deveria ser
inteiramente destruída, com tudo o que representava e todos os seus
habitantes, civis e militares, exterminados sem contemplação.
Operação Barbarossa: assim foi denominada a primeira fase do ataque
alemão à União Soviética na Segunda Guerra, desencadeada em junho de
1941. E de início tudo correu de acordo com os planos dos líderes da
maior e mais perfeita máquina militar até então montada no mundo. A ação
das tropas nazistas foi arrasadora; a blitzkrieg funcionou
perfeitamente na Rússia. Precedidos por uma intensa barragem de
artilharia pesada e de um sistemático bombardeio aéreo de saturação que
pulverizaria fortificações, entroncamentos ferroviários, bases aéreas e
navais, centros de concentração de tropas, depósitos de material bélico e
combustível, três poderosos exércitos alemães, antecedidos por grandes
formações blindadas invadiam a União Soviética, com o apoio de forças
finlandesas, húngaras e romenas.

Privado de comando competente, comunicações rápidas e perdendo a
iniciativa da luta em todos os setores, o Exército Vermelho foi
facilmente dividido em grandes grupos pelas vanguardas blindadas alemãs,
que operavam como cunhas. Posteriormente, os grupos isolados eram
cercados e submetidos a bombardeios de saturação.

Para os soviéticos, a invasão foi uma dupla e dolorosa surpresa. A
primeira surpresa foi tática, pois os comandos soviéticos responsáveis
pela defesa das fronteiras ocidentais estavam com as mãos amarradas, em
vista das ordens expressas de Stalin de evitar qualquer medida que
pudesse ser interpretada como “provocação” aos alemães. Assim, a
despeito da surpresa, da desorganização inicial do Exército Vermelho, da
perda de importantes bases, centros de comunicações e indústrias
vitais, os russos revelavam-se dispostos a lutar, contrariando os
prognósticos dos alemães.

As ordens de Hitler eram que todos os judeus e militantes comunistas
que lhes caíssem nas mãos deveriam ser sumariamente liquidados, além de
considerar toda a população como refém para execução como represália a
qualquer ato de sabotagem ou guerrilha. Blumentritt, um dos generais
responsáveis, observaria: “A conduta dos russos, mesmo nos primeiros
choques, é completamente diferente dos poloneses e dos ocidentais quando
são batidos. Mesmo quando estão cercados, os russos resistem e lutam,
quase sempre até a morte…”

Os exércitos que invadiram o Norte da Rússia eram comandados por Van
Leeb e tinham Leningrado, cuja frota marítima dominava o Báltico, como
alvo principal. Foi o agrupamento armado, que mais blindados possuía e
que mais rapidamente avançou (realizou cerca de 300 km em quatro dias!).

No global a operação nazista no curto período de 90 dias ocupou uma
área em que vivia 40% da população soviética, de onde provinham 65% do
carvão, 60% do ferro, do aço e do alumínio, 40% dos cereais e 90% do
açúcar. Os agrupamentos nazistas da Frente Sul ameaçavam o Cáucaso, os
do Norte estavam a ponto de tomar Leningrado e os do Centro continuavam
rapidamente a caminhada na direção de Moscou. Enquanto isso, o número de
soviéticos aprisionados nas grandes batalhas de envolvimento chegava a
centenas de milhares, enquanto o de mortos — civis e militares —
ultrapassava em três meses o primeiro milhão.

Restava aos soviéticos apegarem-se desesperadamente nos trunfos que
lhes restavam: ao espírito da Revolução de 1917, ao sentimento patriota
do povo, e, também, aos tanques T-34, que se revelariam os mais
eficientes da Segunda Guerra Mundial. Possuíam ainda a unidade de
comando especial, a Stavka, que funcionando sob a orientação direta de
Stalin, desferia golpes certeiros e mortais no inimigo; unidades
guerrilheiras que, rapidamente formadas, destruíam linhas de comunicação
dos invasores. E, finalmente, um punhado de oficiais altamente
capacitados e que se encarregariam de transformar o Exército Vermelho,
que se retirava em todas as frentes, numa formidável máquina de guerra, à
altura da alemã. Entre esses oficiais sobre os quais recairia o peso da
missão de transformar a sucessão de derrotas na vitória final estava o
gênio de Jukov.

Ao Norte, estava Leningrado quase totalmente sitiada. Hitler tinha
planos especiais para a cidade que havia sido o berço da Revolução de
Outubro. De início, estava disposto simplesmente a ocupá-la. Mas a
obstinada resistência oferecida pelo Exército e pela Marinha em defesa
da cidade o exasperaria a tal ponto que ele ordenou que as eventuais
ofertas de rendição das forças que defendiam Leningrado fossem
ignoradas. A cidade deveria ser inteiramente destruída, com tudo o que
representava e todos os seus habitantes, civis e militares, exterminados
sem contemplação. Depois de concluída tal missão, as forças do general
Von Leeb deveriam convergir sobre Moscou, desfechando contra a capital
soviética um ataque coordenado com as forças do Grupo de Exércitos
Centro, comandados por Von Bock.

A queda de Leningrado era precisamente o que o comando soviético mais
temia. Além de constituir um importantíssimo centro industrial,
constituía um símbolo tão precioso para os soviéticos como Moscou, e sua
perda teria um efeito psicológico catastrófico. Além disso, a rápida
junção das forças de Von Leeb com as de Von Bock, antes que novas
reservas soviéticas pudessem ser mobilizadas, tornaria a ofensiva alemã
rumo a Moscou realmente irresistível.

O moral da população civil de Leningrado, onde Zhdanov atuava como
principal comissário era excelente. Entretanto, o mesmo não sucedia em
relação às forças de defesa. Eram frequentes os recuos, os abandonos não
autorizados de posições, as deserções. A disciplina deteriorava-se
rapidamente, ordens importantes deixavam de ser cumpridas e os alemães
estavam a ponto de completar seu cerco. Foi para garantir a defesa da
cidade ameaçada que Stalin chamou Jukov a Moscou, no dia 8 de setembro.
Vinte e quatro horas depois, investido de poderes quase absolutos, Jukov
voava para Leningrado. E no dia 9 de setembro, Jukov, com os oficiais
de seu estado-maior, que selecionara cuidadosamente, chegava a
Leningrado para defrontar-se com a mais difícil missão de sua carreira.

Dispensando protocolo e cerimonial de recepção, Jukov dirigiu-se
diretamente da pista do aeroporto de Leningrado para o Smolny, de onde
Lênin desfechara e comandara a Revolução de Outubro e que agora servia
de sede ao quartel-general de Leningrado. Já no dia 13, Jukov foi
informado pelo seu estado-maior de que os alemães se preparavam para
lançar um ataque frontal e final contra a cidade.

Analisando suas linhas de defesa, Jukov  tomou um primeiro susto. Foi
informado que os grupos de tanques encarregados da defesa de determinado
setor vital não existiam mais — tinham sido substituídos por simulacros
de madeira, construídos num teatro local. Era sobre esses falsos
tanques que a artilharia alemã concentrava seu fogo naquele momento. O
Marechal ordenou que providenciasse naquela mesma noite mais cem falsos
tanques, para dispô-los em outros dois setores ameaçados. Bychevsky, seu
assessor, respondeu que o teatro não tinha condições para produzi-los
naquela noite. “Como se chama seu comissário, camarada coronel?”
perguntou Jukov. “Coronel Mukha.”, respondeu-lhe. “Pois diga a esse
coronel Mukha que se até amanhã de manhã os tanques não estiverem nos
pontos que escolhi, vocês dois serão submetidos a um conselho de guerra.
Fui claro? Amanhã, eu mesmo farei a verificação”.

Os falsos tanques foram providenciados a tempo e a determinação
inabalável de Jukov logo se tornou conhecida de toda a guarnição. Quem
não cumpria as suas ordens era imediatamente punido. Para pôr fim à
indisciplina, Jukov mandou fuzilar sumariamente oficiais, comissários e
soldados que tinham abandonado sem ordens expressas suas posições.
Determinadas unidades em que se tinham registrado casos de
insubordinação — tanto do Exército como da Marinha — foram dissolvidas e
seus integrantes incorporados a outras. Em todos os níveis e todos os
setores, a ordem era sempre a mesma, fossem quais fossem as condições —
atacar, atacar, atacar!

Preparando-se para o pior, Jukov convocou Bychevsky e ordenou-lhe que
minasse sistematicamente todos os principais setores do centro de
Leningrado, a começar pelas pontes. Destacamentos especiais da polícia
secreta foram encarregados de organizar a defesa interna, mobilizando
não apenas prisioneiros políticos, mas a própria população civil de
Leningrado não empenhada nas indústrias e serviços vitais, mais de 100
mil pessoas, na construção de fortificações internas. Se os alemães
chegassem à cidade, teriam de lutar rua por rua e casa por casa para
ocupá-la. Até mesmo crianças e mulheres foram mobilizadas para a defesa.

Havia uma grande falta de armas para equipar os batalhões organizados
às pressas e Jukov ordenou que se recorresse às velhas armas dos museus
militares. Canhões antitanque foram montados em velhos bondes, caminhões
e ônibus; dezenas de milhares de coquetel Molotov e de granadas eram
diariamente fabricadas pelas indústrias civis convertidas em pequenas
oficinas improvisadas. Estacas com pontas de aço foram cravadas e ninhos
de metralhadoras montados em todos os espaços abertos da cidade e nos
seus arredores, para prevenir lançamentos de paraquedistas alemães.

Menos de uma semana após a chegada de Jukov, Leningrado havia perdido
seu aspecto normal — todas as ruas e avenidas da grande cidade estavam
bloqueadas por treliças de trilhos de aço, casamatas de concreto,
embasamentos de artilharia e ninhos de metralhadora. Nas praças e sobre
os edifícios mais altos estavam concentrados os canhões antitanque e
antiaéreos. Todos os navios da Marinha ancorados estavam empenhados no
bombardeio incessante das posições alemãs.

Nesse meio tempo, Jukov tudo inspecionava. Verificava pessoalmente o
cumprimento estrito do racionamento de gêneros alimentícios, o estado
das defesas internas, as posições avançadas do perímetro externo de
defesa. Ante a opção inexorável- obedecer sem vacilar ou ser fuzilado,
ninguém vacilava. E foi com esse espírito que se conteve os alemães nos
subúrbios de Leningrado!

A noite de 17 de setembro de 1941 foi crucial para a defesa da cidade.
As defesas externas, a despeito de todos os esforços, pareciam a ponto
de ruir ante as maciças investidas alemãs e Jukov ordenou que se
completassem os últimos preparativos para a destruição da cidade. O
porto, os navios fundeados, os grandes armazéns, os entroncamentos
ferroviários e todos os principais edifícios estavam minados e tudo
deveria voar pelos ares a uma palavra de Jukov, no preciso momento em
que os alemães penetrassem no perímetro interno de Leningrado!

Naquela mesma noite, lançando à luta todas as suas reservas, e entre
essas reservas havia batalhões de civis, adolescentes, trabalhadores que
tinham cumprido seu turno diário de doze horas nas fábricas, presos
políticos, milicianos, marinheiros, intendentes e almoxarifes,
escriturários e ferradores, Jukov e o heroísmo do povo soviético
conseguiram conter os alemães.

Todos os esforços desenvolvidos pelo nazista Von Leeb, com ajuda da
aviação, artilharia e infantaria motorizada para cortar a derradeira via
de suprimento que ainda ligava Leningrado ao resto da URSS, as linhas
estabelecidas através do lago Ladoga, falharam. Seus ataques encontravam
sempre a obstinada resistência dos contra-ataques de Jukov, apoiados
por uma arma até então desconhecida pelos alemães e que produzia
terríveis efeitos sobre seus blindados e infantaria motorizada: os
foguetes terra-terra do tipo Katyusha, lançados de baterias múltiplas
montadas sobre caminhões.

E foram a vontade de ferro de Jukov e do povo de Leningrado, o comando
dos comissários comunistas que acabaram prevalecendo sobre uma guarnição
desmoralizada e carente de recursos, sobre a população civil faminta e
privada de tudo, na cidade incessantemente submetida a duro bombardeio,
levando-a a resistir com as forças do desespero ao inimigo mais forte,
durante a noite crucial de 17 de setembro.

Na noite de 18, os ataques alemães começaram a perder o ímpeto e em
determinados setores dos subúrbios, apoiados por barragens dos navios de
guerra e concentrações de lançadores de foguetes, os defensores de
Leningrado conseguiram recuperar algumas das posições perdidas nos dias e
semanas anteriores.

Houve, entretanto, outro fator que foi decisivo para a sobrevivência de
Leningrado. O Grupo de Exércitos Centro, que reiniciara sua ofensiva em
direção a Moscou, começava a esbarrar em resistência cada vez mais
intensa. As chuvas de outono tinham começado e os veículos paravam, uma
vez que as estradas de terra do interior da URSS se tinham convertido em
atoleiros. Os grupos guerrilheiros, nessa situação nunca lhes davam
trégua. Ante tal emergência, o Estado-Maior alemão foi compelido a
recorrer às forças blindadas de Von Leeb. Von Leeb, que acreditava ter a
vitória à vista, foi compelido a acatar as ordens recebidas de Berlim,
deslocando o grosso de suas forças blindadas e infantaria motorizada, no
dia 18 de setembro para a frente central, rumo a Moscou.

Leningrado estava salva, embora seus defensores ainda não soubessem
disso. Sabiam apenas que a pressão constante exercida pelos alemães
começara a decrescer. Jukov, porém, acolhia com grande ceticismo essas
“impressões”. Não pretendia deixar-se surpreender. As ordens de fazer
voar a cidade, caso os alemães ultrapassassem o perímetro externo,
continuavam em vigor. Todas as notícias sobre a redução da pressão
inimiga eram cuidadosamente verificadas. A produção de armas e munições
era intensificada, enquanto o racionamento se tornava mais rigoroso.
Simultaneamente, novos contingentes de fuzileiros navais, de marinheiros
que faziam parte de serviços administrativos, de operários e de
adolescentes aceitos como voluntários — eram equipados e enviados aos
vários setores de defesa.

Com o correr do tempo, contudo, tornou-se público que a pressão alemã
tendia a perder sua intensidade. Prisioneiros alemães, capturados
durante contra-ataques, revelaram que as forças atacantes tinham sofrido
baixas pesadíssimas e, desistindo finalmente de tomar a cidade de
assalto, estavam construindo posições permanentes para sitiá-la. Somente
então, Jukov autorizou a desconexão dos cabos elétricos que ligavam
milhares de cargas de explosivos, espalhadas pelo centro da cidade, ao
seu QG.

Entretanto, os dias de sofrimento impostos a Leningrado ainda estavam
muito longe de seu fim. Não havia possibilidade de ampliar a brecha do
lago Ladoga no círculo de aço imposto pêlos alemães aos defensores.
Leningrado continuaria a ser submetida, durante quase três anos, a
ataques quase incessantes da aviação e da artilharia — e no terrível
inverno de 1941, a fome e o frio cobrariam da população um preço ainda
mais elevado do que as balas e granadas alemãs: milhares de pessoas
morreriam diariamente de fome e de frio, casos de canibalismo seriam
registrados; papel de parede, cascas de árvore e couro de velhos cintos e
sapatos seriam usados como alimento; faltaria água não contaminada até
mesmo para intervenções cirúrgicas de urgência!

Era, entretanto, de generais como Jukov que o comando soviético
precisava desesperadamente naquele momento no setor central, onde a
situação era mais que crítica. E foi a Jukov que Stalin apelou mais uma
vez. “Transfira o seu comando em Leningrado ao chefe do Estado-Maio” —
ordenou Stalin — “e venha imediatamente para Moscou.”

Leningrado deveria arcar com sacrifícios indizíveis até o dia 27 de
janeiro de 1944, quando o longo cerco alemão foi finalmente levantado.
Em circunstâncias dificílimas, o Povo Soviético, Zukov e o Partido
Comunista, contando com recursos precários, compelidos a improvisar,
premidos pelo tempo e enfrentando uma atmosfera de derrotismo e quase
pânico, lograram erguer o moral de Leningrado, impondo-lhe, a ferro e
fogo, o “esprit de corps” que prevaleceria até a vitória final.

Em 1945, Leningrado recebeu o título de cidade heróica, junto de
Stalingrado, Sebastopol e Odessa, pela resistência exemplar e tenacidade
demonstrada por seus cidadãos.

Publicado no espaço literário marcel proust (blog)











Regulamentação da mídia no Uruguai: Mujica não quer saaber de Globo nem Clarín por lá - Revista Forum


16 de dezembro de 2014

No mesmo dia em que começou a ser debatida a lei de regulamentação de mídia no Uruguai, o presidente José “Pepe” Mujica afirmou que não quer o monopólio estrangeiro nas comunicações do país: “Deixando claro, não quero que o Clarín ou a Globo se achem donos das comunicações no Uruguai”
Por Redação
Nesta terça-feira (16), começou a ser debatida a Lei de Mídia na Câmara dos Senadores do Uruguai. Em seus últimos meses como presidente, José “Pepe” Mujica foi direto sobre o assunto: não quer que grandes conglomerados estrangeiros de comunicação tomem conta do setor no país.
“[Deixando] mais claro: eu não quero nem que o Clarín ou a Globo se tornem donos das comunicações no Uruguai”, afirmou Mujica. Embora tenha confessado ainda não estar totalmente interado sobre o projeto, deixou claro que, por ora, concorda em “linhas gerais” com o que está sendo proposto.
O mandatário disse ainda que parece “que qualquer coisa [mercado] que se queira regular é um pecado mortal”. Ao demonstrar que pensa exatamente o contrário, o presidente classificou as gigantes da Argentina e do Brasil como “tubarões de fora”: “Tudo bem que tem de ter liberdade de imprensa, mas o que menos deve ter é o monopólio de uma coisa que vem de fora”.
Mujica fica no poder até 1° de março de 2015, quando “devolve” a faixa da presidência uruguaia para Tabaré Vásquez.
Foto de Capa: Reprodução

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Discurso de Dilma na 1a. Reunião de Ministros - Blog do Renato Rabelo

Senhoras ministras e senhores ministros,

A minha primeira recomendação para vocês, que vão compartilhar comigo essa responsabilidade de governar e desse novo mandato, é trabalhar muito para que que nós possamos dar sequência ao projeto político que nós implantamos desde 2003, e que está mudando o Brasil, mudando para muito melhor, porque nós temos menos pobreza, mais oportunidades, temos uma situação de mais igualdade, mais direitos e cada vez mais democracia.

Na campanha eleitoral, como vocês todos se lembram, eu pedi o voto dos brasileiros para conduzir o Brasil a uma nova etapa do processo de desenvolvimento que nós iniciamos em 2003. Mostramos também, durante a campanha eleitoral, que essa proposta estava baseada em uma política econômica consistente e em políticas sociais geradoras de oportunidades e numa conquista extraordinária: a superação da miséria, alcançada ao criarmos as condições para que 22 milhões de pessoas ultrapassassem a linha da pobreza extrema.

Naquela circunstância da campanha, e ao longo do meu mandato, eu deixei claro que o novo mandato, para mim e para nós todos, teria como objetivo principal a preparação do Brasil para a era do conhecimento – com prioridade absoluta para os investimentos em educação, geradores de mais e melhores oportunidades para as brasileiras e para os brasileiros, e da necessária elevação da competitividade da nossa economia, base para um desenvolvimento duradouro. Nessas oportunidades todas, eu propus fazer do Brasil uma Pátria Educadora.

E foi isso… e foi nisso que a maioria do povo brasileiro, dos homens e mulheres deste país deram o seu voto, foi para isso que eles deram seu voto. Este é o meu compromisso, fazer com que o Brasil nos próximos quatro anos, tenha condições de ter as medidas necessárias para manter íntegra a estratégia de construir um país desenvolvido, um país próspero, cada vez mais igual, menos desigual, fazendo tudo o possível para manter e fortalecer o modelo de desenvolvimento que mostrou ser possível conciliar crescimento econômico, distribuição de renda e inclusão social.

A população brasileira, ela votou também por mudanças e nós não podemos esquecer disso. E nós as faremos, esse é o nosso compromisso, fazer as mudanças necessárias. Juntos, nós devemos fazer, nós faremos um governo que é, ao mesmo tempo, um governo de continuidade e também um governo de mudanças. Nossa tarefa será manter o projeto de desenvolvimento iniciado em 2003, mas dar continuidade com avanços, dar continuidade com mudanças que lhe darão, que darão a este projeto ainda mais consistência, mais velocidade.

Os ajustes – e aí eu entro nessa explicação que é essencial – os ajustes que estamos fazendo, eles são necessários para manter o rumo, para ampliar as oportunidades, preservando as prioridades sociais e econômicas do governo que iniciamos há 12 anos atrás. As medidas que estamos tomando e que tomaremos, elas vão consolidar e ampliar um projeto vitorioso nas urnas por quatro eleições consecutivas e que estão, essas medidas, ajudando a transformar o Brasil.

Como disse na Cerimônia de Posse, as mudanças que o país espera, que o país precisa para os próximos quatro anos dependem muito da estabilidade e da credibilidade da economia. Nós precisamos garantir a solidez dos nossos indicadores econômicos.

A economia brasileira, ela vem sofrendo os efeitos de dois choques. No plano externo, a economia mundial sofreu uma redução expressiva nas suas taxas de crescimento com a China apresentando as menores taxas de crescimento em 25 anos e o Japão e a Europa em estagnação, e os EUA só agora começando a se recuperar da crise. Além disso, há uma queda nos preços das commodities – uma queda expressiva nos preços das commodities. Para vocês terem uma ideia, uma queda de 58%, quase 59% no preço do petróleo, de junho do ano passado, de 2014, até janeiro de 2014 [2015], e de 53% do minério de ferro, de dezembro de 2013 a janeiro de 2014. Além disso, além da queda no preço das commodities, nós temos uma apreciação significativa do dólar.

No plano interno, nós enfrentamos, em anos sucessivos, um choque no preço dos alimentos, devido ao pior regime de chuvas de que se tem registro histórico no Brasil. Essa seca também teve, mais recentemente, impactos no preço da energia em todo o Brasil e na oferta de água em algumas regiões específicas e de forma muito específica na região Sudeste.

Diante destes eventos internos e externos, o governo federal cumpriu o seu papel. Nós absorvemos a maior parte das mudanças, dessas mudanças no cenário econômico e climático em nossas contas fiscais para preservar o emprego e a renda. Nós reduzimos nosso resultado primário para combater os efeitos adversos desses choques sobre nossa economia e proteger nossa população. Agora, atingimos um limite para isso. Estamos diante da necessidade de promover um reequilíbrio fiscal para recuperar o crescimento da economia o mais rápido possível, criando condições para a queda da inflação e da taxa de juros no médio prazo e garantindo, assim, a continuidade da geração de emprego e da renda.

Tomamos algumas medidas que têm caráter corretivo, ou seja, são medidas estruturais que se mostram necessárias em quaisquer circunstâncias. Vamos adequar, por exemplo, o seguro-desemprego, o abono-salarial, a pensão por morte e o auxílio-doença às novas condições socioeconômicas do país. Essas novas condições mostram que, nos últimos 12 anos, foram gerados 20,6 milhões de empregos formais.

A base de contribuintes da Previdência Social foi ampliada em 30 milhões de beneficiários. O valor real do salário mínimo, que é a base de todo o sistema de proteção social, cresceu mais de 70%. Além disso, a expectativa de vida dos brasileiros com mais de 40 anos aumentou, passando de 73 anos e meio para 78 anos e meio, ou seja, quase cinco anos a mais de vida. Nestes casos, que são corretivos, não se trata de medidas fiscais, trata-se de aperfeiçoamento de políticas sociais para aumentar sua eficácia, eficiência e sua justiça.

Aliás, é importante e eu pediria atenção dos senhores e das senhoras, aliás, nós sempre aperfeiçoamos nossas políticas, sempre. E o Bolsa Família é um exemplo, eu diria um excelente exemplo. No ano passado, por exemplo, ano eleitoral, nós tivemos 1 milhão de famílias, 1 milhão e 290 mil famílias deixando o programa por não mais se enquadrarem, seja por razões cadastrais, seja por aumento de renda. E nós, mesmo em ano eleitoral tivemos o cuidado para não prejudicar a sustentabilidade do Bolsa Família de retirar essas famílias que tinham sido desenquadradas. Outro conjunto de medidas, no entanto, é de natureza eminentemente fiscal, indispensáveis para a saúde financeira do Estado brasileiro. Contas públicas em ordem são necessárias para o controle da inflação, o crescimento econômico e a garantia, de forma sustentada, do emprego e da renda. Nós vamos promover o reequilíbrio fiscal de forma gradual.

Nossa primeira ação foi estabelecer a meta de resultado primário em 1,2% do PIB. Essa meta representa um grande esforço fiscal, mas um esforço que a economia pode suportar sem comprometer a recuperação do crescimento e do emprego.

São passos na direção de um reequilíbrio fiscal que irá permitir preservar as nossas políticas sociais – falo, por exemplo, do Bolsa Família, do Minha Casa, Minha Vida, do Mais Médicos, do Pronatec, das ações para garantir acesso ao ensino superior, do Ciência sem Fronteiras, do combate à violência contra a mulher, por exemplo.

A razão de ser da gestão responsável e consistente da política econômica é estimular o crescimento e dar meios para a execução de políticas que melhorem o bem-estar da população. Esta é a razão de ser das políticas.

Em relação à inflação eu quero lembrar que em nenhum momento no meu primeiro mandato nós descuidamos de seu controle e, por isso, ela foi mantida sempre no limite do regime de metas. O Banco Central vem adotando as medidas necessárias para reduzir ainda mais a inflação. Decidimos também reduzir, previamente, nossos gastos discricionários, enquanto o Congresso Nacional discute o Projeto de Lei Orçamentária, projeto de 2015. Por essa razão, nós reduzimos em um terço o limite orçamentário de todos os ministérios neste início de ano. Lembro a cada um dos ministros que as restrições orçamentárias exigirão mais eficiência no gasto, tarefa que estou certa, todos executarão com excelência. Vamos fazer mais gastando menos.

Estamos atuando também pelo lado da receita. Adotamos correções nas alíquotas da Cide sobre combustível e do IOF sobre o crédito pessoal. Também propusemos uma correção do PIS/COFINS sobre bens importados e do IPI sobre cosméticos. Além destas medidas de política fiscal, estamos também, senhores ministros e senhoras ministras, construindo medidas para viabilizar o aumento do investimento e da competitividade da economia.

No campo tributário, estamos finalizando nossa proposta de aperfeiçoamento do Supersimples, que irá estabelecer um mecanismo de transição entre sistemas tributários para enfrentar a barreira hoje existente ao crescimento das micro e pequenas empresas. Estamos preparando a reforma do PIS/Cofins para simplificar e agilizar o aproveitamento de créditos tributários pelas empresas. Vamos apresentar um Plano Nacional de Exportações para estimular o comércio externo. O foco de nossa política industrial, baseada na ampliação da nossa competitividade, será o aumento da pauta e dos destinos de nossas exportações. Se nossas empresas conseguirem competir no resto do mundo, elas conseguirão competir facilmente no Brasil, onde já desfrutam de vantagens locais. A melhora da competitividade depende, entre outras coisas, da simplificação e da desburocratização do dia a dia das empresas e dos cidadãos.

Para avançar nesta direção, lançaremos um Programa de Desburocratização e Simplificação das Ações de Governo. Trata-se de agilizar e simplificar o relacionamento das pessoas e das empresas com o Estado e do Estado consigo mesmo. Menos burocracia representa menos tempo e menos recursos gastos em tarefas acessórias e secundárias, e mais produtividade, mais competitividade. Toda a sociedade ganha.

Já iniciamos também a definição de uma nova carteira de investimentos em infraestrutura. Nós vamos ampliar tanto as concessões como as autorizações de infraestrutura ao setor privado. Vamos continuar com as concessões de rodovias, com as autorizações e concessões em portos e ampliar as concessões de aeroportos. Realizaremos concessões em outras áreas, como hidrovias e dragagem de portos, por exemplo.

O Minha Casa, Minha Vida irá contratar a construção de mais três milhões de moradias até 2018, ampliando sua penetração em grandes centros urbanos. Com o programa Banda Larga para Todos vamos promover a universalização do acesso a um serviço de internet de banda larga barato, rápido e seguro.

O Brasil, senhoras ministras e senhores ministros, continua sendo uma economia continental, uma economia diversificada, um grande mercado interno, com empresas e trabalhadores habilidosos, versáteis, e nós estamos habilitados a aproveitar as oportunidades que temos diante de nós. Só lembrando alguns números, é importante lembrar alguns números, para que a gente tenha noção do tamanho do nosso país. Somos hoje a 7ª economia do mundo, o 2º maior produtor e exportador agrícola, o 3º maior produtor e exportador de minérios, o 5º que mais atrai investimentos estrangeiros, o 7º em acúmulo de reservas cambiais e o 3º maior usuário de internet. Para as senhoras ministras, só um pouquinho, para as senhoras ministras eu lembro que somos um dos primeiros mercados de cosméticos do mundo. Aliás, somos o primeiro mercado. O Brasil, porque as mulheres brasileiras têm a nossa vaidade intrínseca, o que é muito bom para o país, para as empresas e para os trabalhadores.

Por isso, o Brasil, nós podemos dizer, continua sendo um país com grandes oportunidades de investimento. O Brasil continua sendo um país com instituições sólidas, com regras estáveis, uma sociedade livre e democrática.

Depois de 12 anos de políticas de inclusão social e desenvolvimento, o Brasil é hoje um país melhor. Um país com menos pessoas na pobreza, com mais pessoas na classe média. Um país com milhões de novos estudantes do ensino fundamental à universidade. Um país com milhões de novas pequenas empresas e empreendedores individuais. Um país com milhões de novos trabalhadores no mercado formal. Um país com mais crédito, tanto para as empresas quanto para os consumidores. Nós confiamos na força do nosso povo, nos fundamentos econômicos, sociais, culturais, étnicos de nosso país. Nós sabemos que são essas as características que exigem de nós mudanças, que exigem de nós dedicação às políticas sociais, às políticas econômicas, às políticas macroeconômicas.

Aliás, em 2016, os olhos do mundo vão estar voltados mais uma vez para o Brasil com a realização das Olimpíadas. Nós temos certeza que mais uma vez, como na Copa, nós vamos mostrar a capacidade de organização dos brasileiros e, agora, numa das mais belas cidades do mundo, o Rio de Janeiro. E isso é em cooperação, em cooperação entre a União, o estado do Rio de Janeiro e o município do Rio de janeiro.

Caras ministras e caros ministros,

Nós devemos enfrentar o desconhecimento, a desinformação sempre e permanentemente. Vou repetir: sempre e permanentemente. Nós não podemos permitir que a falsa versão se crie e se alastre. Reajam aos boatos, travem a batalha da comunicação, levem a posição do governo à opinião pública, a posição do ministério, a posição do governo à opinião pública. Sejam claros, sejam precisos, se façam entender. Nós não podemos deixar dúvidas.

Por exemplo, quando for dito que vamos acabar com as conquistas históricas dos trabalhadores, respondam em alto e bom som: “Não é verdade! Os direitos trabalhistas são intocáveis e não será o nosso governo, um governo dos trabalhadores, que irá revogá-los.” Quando se levantar a questão da mobilidade urbana em nossas cidades, falem dos R$ 143 bilhões que estamos investindo em 118 municípios de grande e médio porte, em todos os Estados. Quando for mencionada a crise da água, lembrem-se que desde o início desta que é a maior estiagem das últimas décadas, o governo federal apoiou, está apoiando e continuará apoiando, de todas as formas, inclusive com vultosos investimentos, com investimentos elevados, as demandas dos governos estaduais, responsáveis constitucionalmente pelo abastecimento de água.

No Nordeste, nós temos uma carteira de investimentos de R$ 34 bilhões que, além da Integração do São Francisco, inclui a perenização de 1.000 km de rios, novos sistemas de adutoras, açudes e obras que vão assegurar a segurança hídrica na região. Em São Paulo, estamos autorizando, e já tínhamos autorizado, a partir das solicitações do governador, as grandes obras para ampliar a oferta de água e vamos fortalecer ainda mais nosso apoio a São Paulo.

Oriento os ministros e os dirigentes de órgãos federais relacionados ao assunto que se engajem no esforço dos governos estaduais, notadamente no Sudeste, para vencer a atual situação de insegurança hídrica, e quero enfatizar, com especial atenção, para as regiões Nordeste, como sempre, e Sudeste. Ao mesmo tempo, nós estamos tomando todas as ações cabíveis para garantir o suprimento de energia elétrica.

Senhoras ministras e senhores ministros,

Vamos falar mais, comunicar sobre nossos desafios, nossas iniciativas e nossos acertos. Vamos mostrar a cada cidadão, a cada cidadã brasileira que não alteramos um só milímetro o nosso compromisso com o projeto vencedor na eleição, com o projeto de desenvolvimento que nós estamos implementando desde 2003, um projeto de crescimento com distribuição de renda.

O nosso povo votou em nós porque acredita que somos os mais indicados para fazer o que for preciso para o Brasil avançar ainda mais. O nosso povo votou em nós porque acredita em nossa capacidade e em nossa honestidade de propósitos.

Vamos, a partir da abertura do Congresso, senhoras ministras e senhores ministros, propor uma alteração na legislação para tratar como atividade comum dos entes da Federação as atividades de segurança pública, permitindo à União estabelecer diretrizes e normas gerais válidas para todo o território nacional para induzir políticas uniformes no país e disseminar a adoção de boas práticas na área policial.

Quero fazer alguns comentários sobre um dos maiores desafios vivenciados por nosso país: o combate à corrupção e à impunidade.

Neste segundo mandato, manterei, sem transigir em um só momento, meu compromisso com a lisura do uso do dinheiro público, com o combate aos mal feitos, com a atuação livre dos órgãos de controle interno, com a autonomia da Polícia Federal e com a independência do Ministério Público. Vou chegar ao final deste mandato podendo dizer o mesmo que disse do primeiro: nunca um governo combateu com tamanha firmeza e obstinação a corrupção e a impunidade.

Todos vocês devem atuar sempre orientados pelo compromisso com a correção e a lisura. Espero que enfrentem com firmeza todo e qualquer indício de mau uso do dinheiro público nas áreas sob seu comando. Gostaria de mais uma vez me manifestar sobre a Petrobrás. A Petrobras já vinha passando por um rigoroso processo de aprimoramento de gestão, a realidade atual só faz reforçar nossa determinação de ampliar na Petrobras a mais eficiente estrutura de governança e controle que uma empresa estatal, ou privada já teve no Brasil. Temos que apurar com rigor tudo de errado que foi feito, temos, principalmente, de criar mecanismos que evitem que fatos como esse se repitam, voltem a ocorrer. O saudável empenho da Justiça que já disse, inclusive, no meu pronunciamento quando eu fui diplomada, deve também nos permitir reconhecer que a Petrobras é a mais estratégica para o Brasil e a que mais contrata e investe no país. Temos que saber apurar, temos que saber punir. Isso tudo sem enfraquecer a Petrobras, nem diminuir a sua importância para o presente e para o futuro do país. Temos que continuar apostando na melhoria da governança da Petrobras, aliás, de todas as empresas privadas e das empresas públicas em especial. Temos de apostar num modelo de partilha para o pré-sal, temos de dar continuidade à vitoriosa política de conteúdo local. Temos que continuar acreditando na mais brasileira das empresas, a Petrobras.

Gostaria de falar para vocês agora – podia passar mais rápido, por favor? -, que toda vez que se tentou, no Brasil, toda vez que tentaram, no Brasil, desprestigiar o capital nacional estavam tentando, na verdade… Bom, eu vou preferir ler, sabe? Estavam tentando, na verdade, diminuir a sua independência, diminuir a sua concorrência e nós não podemos deixar que isso ocorra. Nós devemos punir as pessoas e não destruir as empresas. As empresas, elas são essenciais para o Brasil. Nós temos que saber punir o crime, nós temos de saber fazer isso sem prejudicar a economia e o emprego do país. Nós temos de fechar as portas para a corrupção. Nós não podemos, de maneira alguma, fechar as portas para o crescimento, o progresso e o emprego.

E queria dizer para vocês que punir, que ser capaz de combater a corrupção não significa, não pode significar a destruição de empresas privadas também. As empresas têm de ser preservadas, as pessoas que foram culpadas é que têm que ser punidas, não as empresas. Nós defendemos um pacto nacional contra a corrupção, que envolve todas as esferas de governo, todas as esferas de poder, tanto no ambiente público como no ambiente privado. E quero dizer para vocês que nós seremos implacáveis no combate aos corruptores e aos corruptos.

Em fevereiro, eu encaminharei ao Congresso as seguintes medidas, que eu disse durante toda a campanha eleitoral: primeiro, transformar em crime e punir com rigor os agentes públicos que enriquecem sem justificativa ou que não demonstrem a origem dos seus ganhos ou do seu patrimônio; segundo, incluir na legislação eleitoral como crime a prática de caixa 2; terceiro, criar uma nova espécie de ação judicial que permita o confisco de bens adquiridos de forma ilícita; quarto, alterar a legislação para apressar o julgamento de processos que envolvem o desvio de recursos públicos; e quinto, criar uma nova estrutura, a partir de negociação com o Poder Judiciário, que dê maior agilidade aos processos movidos contra aqueles que têm foro privilegiado.

Os brasileiros e as brasileiras esperam de nós um comportamento íntegro. Seremos, em cada um dos dias desse novo mandato, gestores públicos absolutamente comprometidos com a austeridade e a probidade. Vamos honrar cada cidadão e cada cidadã com uma gestão exemplar, que executa com celeridade e eficiência as políticas que vão manter o Brasil na trilha do desenvolvimento.

Caras ministras e caros ministros,

Há também uma grande expectativa da sociedade brasileira, e todos nós sabemos disso, pela reforma política. Colocaremos como prioridade, já neste primeiro semestre, o debate deste tema com a sociedade. Sabemos que esta é uma tarefa do Congresso Nacional, mas cabe a nós impulsionar esta mudança, para instituir novas formas de financiamento das campanhas eleitorais, definir novas regras para escolha dos representantes nas casas legislativas, e aprimorar os mecanismos de interlocução com a sociedade e os movimentos sociais, reforçando a legitimidade das ações tanto do Executivo quando do Legislativo.

Espero de cada um e de cada uma das ministras e dos ministros muito diálogo com o Congresso, com governadores, com os prefeitos e com os movimentos sociais, tal como eu mesma farei. Devemos buscar, por meio do diálogo e da negociação, estabelecer os consensos necessários e os caminhos que produzirão as mudanças de que o país precisa. Só assim construiremos mais desenvolvimento e mais igualdade. Enfim, eu espero de todos muita dedicação, muita cooperação entre os ministérios, muito trabalho. Desejo muita sorte e muito sucesso a todos.

Uma das questões mais importantes é a ação cooperativa entre nós. Saibam, ministros e ministras, que cada um de nós tem também o dever de apoiar todo e qualquer ministro ou agente público, fora de sua área, que executa na verdade os programas que nós todos definimos em conjunto. O Brasil sem dúvida nenhuma espera muito de nós, e eu conto com vocês para que nós honremos todas essas expectativas, cada uma delas, sem exceção.

Muito obrigada por todos. Só antes de terminar eu gostaria de destacar as medidas aqui anunciadas, elas, na sua grande maioria, ou já foram anunciadas e estão já sob a forma de decreto de medidas provisórias ou serão encaminhadas no prazo mais curto de tempo ainda dentro desse semestre. Eu agradeço aos senhores e peço, e desejo a todos nós uma boa reunião.

Obrigada.

De férias, com mais leveza, mas avaliando a conjuntura - Paulo Vinícius SIlva

Barbalha, Ceará, 27 de janeiro de 2015.


Negada, meu povo e minha pova, everibodi, é preciso ter nervo pra mudar o Brasil! Não dá para, em janeiro, nessa correlação de força nacional e internacional, entrar numa onda de desespero, prostração, um cornosentimento medonho!!!

O que eu tô vendo é outras coisas, vamo lá:
1- já é o segundo cadáver em véspera de eleição no Cone Sul, para instabilizar gravemente a eleição e jogar "culpa" sobre a candidata do povo. A Páscoa tá chegando, se acreditasse nessas coisas, tava esperando o ovo da páscoa do coelhinho.

2- Já é o segundo "atentado" numa cidade emblemática, sede de um eixo imperialista, com um presidente mais fraco que caldo de bila que se torna um potentado da luta pelo terrorismo, e graças a esses grupos que, sinceramente, não são apenas de gente doida, mas aquela gente doida especial que conta com a torcida vibrante do imperialismo. Como disse, cadê o meu ovo da Páscoa?

3 - Israel ligado indissoluvelmente aos dois episódios em momento de profundo isolamento político e diplomático.

4 - Obama é um menino bom, né? Vede: a) em ardilosa manobra com seus aliados sauditas (que queime nos quintos do inferno o tirano recentemente falecido), ataca gravemente as economias de Rússia e Venezuela. Em meio aos ataques midio-tucano-judiciais-financeiros contra a Petrobrás, dá duríssimo golpe contra o Pré-Sal. b) aproximação com Cuba é fruto de isolamento e inutilidade do bloqueio, e intento de neutralizar a liderança da Revolução interna e internacionalmente. Tolinhos: Fidel, Raúl, o Partido Comunista de Cuba, a CTC, a UJC, a FEU estão aí para o que der e vier. É um bom desafio, mas eu confio, e muito, na capacidade de Cuba o superar e sanar suas inúmeras dificuldades econômicas, esse sim um obstáculo gravíssimo ao prosseguimento da Revolução. c) com toda a fraseologia, Obama joga no colo dos republicanos toda a sua pauta positiva que posiciona os democratas na melhor posição: em favor dos latinos, que serão a maioria do eleitorado estadunidense. A maioria no Congresso, republicana, virou um tremendo abacaxi; d) Petróleo saudita barato e independência energética graças à areia de xisto, que legal pros EUA; e) continuam a armar terroristas, a CIA continua seus assassinatos pelo mundo, só que agora o cabra posa de "esquerda". Cenários bastante perigosos adiante;

5 - Vitórias de esquerda na Grécia com o Syriza ( e PC da Grécia cresceu em 25% sua bancada ) e possibilidades alvissareira na Espanha. Situação desesperadora na economia, não será fácil, nem retilíneo o caminho. Tenho esperanças, mas nem demonizo nem idolatro essas alternativas. Europa segue um caminho que já percorremos, ou não? Construção de frentes sociais e políticas amplas e heterogêneas de esquerda contra a tragédia neoliberal. Vai ter muita ida e vinda. O resultado dependerá da unidade do povo. O farol é a América Latina e a Ásia. Apoiemos as mudanças, torçamos pela unidade dos povos grego e espanhol e esperemos que isso jogue muita areia na empada neoliberal da União Europeia que, não é à toa, mandou a "austeridade" para as cucuia, liberando o crédito pelo BCE, já que o esquema do Quantitative Easing, as emissões para tapar os buracos da especulação, deram tão certo. Também não é à toa à "guerra ao terrorismo 2, nous sommes hipocrites". Ora, não é apenas guerra de mentira, e restrição democrática, militarização, carta branca para os arapongas e uma força descomunal para a extrema direita.

6 - No Brasil, as centrais sindicais recuperam condições de unidade e tem uma postura correta e firme diante das vacilações da DIlminha. Isso é ótimo, cria condições para a pressão justa que impeça barbeiragems. Diminui as ilusões com as iniciativas do Executivo, para que o povo assuma seu papel, que não é de espectador, mas de ator central das mudanças. Também não devemos entrar nessa lógica do cornosentimento "fui traído, buáááá´", isso é besteira. É a classe média que tem essa visão da pureza e da retidão a todo preço, isso é uma abstração, o Brasil é mais complexo, temos de jogar o jogo, galera, governo em disputa, lembra? E lembram que a gente ganhou, mas a direita se fortaleceu? Então!!! Calma, meu povo! Não à abertura do Capital da Caixa! Nenhum direito a menos!!! É isso mesmo. Mas, jogar Dilminha pro lado de lá em janeiro, Ave, Maria. Camomila e pressão e luta política, e construção de unidade, isso sim!!!

7- Lula está lépido e fagueiro circulando com o povo, excelente notícia. O que emos de levar adiante é a grande UNIDADE POPULAR. Partidos de esquerda, movimentos sociais, sindicais, juvenis, para que exista uma frente orgânica, e não apenas eleitoral. Um programa de reformas avançado, e não uma permanente briga por pedaços de pautas específicas. Para mim, essa é a questão central, e as bandeiras na crista da onda são, além da defesa do crescimento e do emprego e dos direitos, a REFORMA CONTRA A MONOPOLIZAÇÃO DA MÍDIA e a implantação imediata da PROIBIÇÃO DO FINANCIAMENTO PRIVADO, sob o boicote do Ministro Gilmar Mendes.

8 - O Brasil é grande e nosso povo é talentoso e de luta, havemos de encontrar os caminhos. As palavras centrais continuam sendo Soberania, Democracia, DESENVOLVIMENTO, DIREITOS! Vamos por aí, disputar o rumo do grande, para que os neolibelês não matem nossa economia a pauladas, como a uma ratazana prenha. Temos de unir-nos por uma pauta econômica que vença esse momento de tergiversação, confusões, adversidades e falta de clareza sobre o futuro imediato da nossa economia. Mas, convenhamos, cadê a nossa agenda econômica para agora, para o já? Como reunir forças, e não apenas dos trabalhadores, mas também na indústria, no campo, na academia, para a disputa do projeto e desenvolvimento???

9 - O PCdoB há de contribuir muito, e precisa, sobretudo, apoiar uma maior e mais orgânica unidade de esquerda. Grandes esperanças no Maranhão e na C&T não podem eludir as imensas responsabilidades e obstáculos, sobretudo vinculados à nossa capacidade de diálogo, de construção de frentes e de implementação de ações para o DESENVOLVIMENTO. Espetacular o momento que se abre para o PCdoB, ainda mais com dois camaradas como Dino e Aldo Rebelo. Isso tudo nos exigirá mais clareza, organização e sagacidade política. Bem vinda a nossa Conferência. Não devemos, apenas apoiar o PT. É preciso apoiar, criticar, jogar o jogo, e construir uma grande frente que una democratas, patriotas e a esquerda. O Glorioso partido dos mártires, sua juventude, intelectuais, trabalhadores tem muito a ajudar, e não será apenas no grito, mas naquilo que o Partido tem de mais nobre: a política. Complexa, como é o Brasil, clara, mas cheia de mediações, e deve ser ponte para essa grande unidade. Sem uma grande UNIDADE POPULAR o Brasil não avançará mais do que até aqui chegamos, esse eterno meio barro, meio tijolo. Só com amplas massas envolvidas, com um caminho mais claro, poderemos avançar, e foi assim que se avançou por toda a parte. Mudar o Brasil, superar o neoliberalismo, abrir uma nova quadra para nossa pátria, não será tarefa de um presidente(a), ou de um partido, necessariamente é tarefa para milhões, e só pode ser levada a cabo com o concurso dessa preciosidade, a militância. Mas tá todo mundo inquieto, e meio descacorçoado. Temos de ter clareza e mobilização, mas também há que ter nervo. Complexo de corno não serve pra nada nem em casamento, avalie em política, só pra errar. Clareza, unidade, mobilização, certas estão as centrais sindicais, e me dá grande esperança ver tanta sintonia entre a CTB e a CUT, grandes esperanças.

Fidel Castro envia mensagem à Federação de Estudantes Universitários de Cuba e pondera complexidade e riscos relações Cuba-EE.UU. - Blog da Resistência


O líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, enviou uma mensagem nesta segunda-feira (26) à Federação Estudantil Universitária no quadro do 70º aniversário de seu ingresso na Universidade de Havana. No texto, Fidel ressalta que não confia na política dos Estados Unidos. Leia a íntegra abaixo:
Fidel CastroFidel Castro
Para meus companheiros da Federação Estudantil Universitária
Queridos companheiros:
Desde o ano de 2006, por questões de saúde incompatíveis com o tempo e o esforço necessário para cumprir um dever — o que me impus a mim mesmo quando ingressei nesta Universidade em 4 de setembro de 1945, há 70 anos —, renunciei aos meus cargos.
Não era filho de operário nem carente de recursos materiais e sociais para uma existência relativamente cômoda; posso dizer que escapei milagrosamente da riqueza. Muitos anos depois, o norte-americano mais rico e sem dúvida muito capaz, com quase 100 bilhões de dólares, declarou ― segundo publicou uma agência de notícias na quinta-feira da semana passada (22) —, que o sistema de produção e distribuição privilegiada das riquezas converteria de geração em geração os pobres em ricos.
Desde os tempos da antiga Grécia, durante quase 3 mil anos, os gregos, sem ir mais longe, foram brilhantes em quase todas as atividades: física, matemática, filosofia, arquitetura, arte, ciência, política, astronomia e outros ramos do conhecimento humano. A Grécia, contudo, era um território de escravos que realizavam os mais duros trabalhos em campos e cidades, enquanto uma oligarquia se dedicava a escrever e filosofar. A primeira utopia foi escrita precisamente por eles.
Observem bem as realidades deste conhecido, globalizado e muito mal dividido planeta Terra, onde se conhece cada recurso vital depositado em virtude de fatores históricos: alguns com muito menos recursos do que necessitam; outros, com tantos que não têm o que fazer com eles. Agora, em meio a grandes ameaças e perigos de guerras reina o caos na distribuição dos recursos financeiros e na repartição da produção social. A população do mundo cresceu, entre os anos 1800 e 2015, de um bilhão a sete bilhões de habitantes. Poderão ser resolvidos dessa forma o incremento da população nos próximos 100 anos e as necessidades de alimento, saúde, água e moradia que a população mundial terá, quaisquer que sejam os avanços da ciência?
Bem, deixando de lado estes enigmáticos problemas, é de admirar pensar que a Universidade de Havana, nos dias em que eu ingressei nesta querida e prestigiosa instituição, há quase três quartos de século, era a única que existia em Cuba.
Certamente, companheiros estudantes e professores, devemos recordar que não se trata de uma, mas contamos hoje com mais de cinquenta centros de Educação Superior espalhados em todo o país.
Quando vocês me convidaram para participar no lançamento da jornada pelo 70º aniversário de meu ingresso na Universidade, o que soube com surpresa, e em dias muito atarefados por diversos temas nos quais talvez ainda possa ser relativamente útil, decidi descansar dedicando algumas horas à recordação daqueles anos.
Impressiona-me descobrir que se passaram 70 anos. Na realidade, companheiros e companheiras, se me matriculasse de novo nessa idade como alguns me perguntam, responderia sem vacilar que seria em uma carreira científica. Ao graduar-me, diria como Guayasamín: Deixem-me uma luz acesa.
Naqueles anos, já influenciado por Marx, consegui compreender mais e melhor o estranho e complexo mundo em que a todos nos coube viver. Pude prescindir das ilusões burguesas, cujos tentáculos enredaram muitos estudantes quando menos experiência e mais ardor possuíam. O tema seria longo e interminável.
Outro gênio da ação revolucionária, fundador do Partido Comunista, foi Lênin. Por isso, não vacilei um segundo quando no julgamento do Moncada, onde me permitiram assistir, mesmo que somente uma vez, declarei perante juízes e dezenas de altos oficiais batistianos que éramos leitores de Lênin.
Não falamos de Mao Zedong porque ainda não tinha terminado a Revolução Socialista na China, inspirada em idênticos propósitos.
Advirto, contudo, que as ideias revolucionárias hão de estar sempre em guarda à medida que a humanidade multiplique seus conhecimentos.
A natureza nos ensina que podem ter transcorrido dezenas de bilhões de anos luz e a vida em qualquer de suas manifestações está sempre sujeita às mais incríveis combinações de matéria e radiações.
A roca de cumprimentos pessoalmente entre os presidentes de Cuba e dos Estados Unidos ocorreu no funeral de Nelson Mandela, insigne e exemplar combatente contra o Apartheid, que tinha amizade com Obama.
Basta assinalar que já naquele dia, tinham transcorrido vários anos desde que as tropas cubanas derrotaram de forma esmagadora o exército racista da África do Sul, dirigido por uma burguesia rica e com enormes recursos econômicos. É a história de uma contenda que está por ser escrita. A África do Sul, o governo com mais recursos financeiros daquele continente, possuía armas nucleares fornecidas pelo Estado racista de Israel, em virtude de um acordo entre este e o presidente Ronald Reagan, que o autorizou a entregar os dispositivos para o uso de tais armas com as quais golpear as forças cubanas e angolanas que defendiam a República Popular de Angola contra a ocupação desse país pelos racistas. Desse modo se excluía toda negociação de paz enquanto Angola era atacada pelas forças do Apartheid com o exército mais treinado e equipado do continente africano.
Em tal situação não havia possibilidade alguma de uma solução pacífica. Os incessantes esforços por liquidar a República Popular de Angola para sangrá-la sistematicamente com o poder daquele bem treinado e equipado exército, foi o que determinou a decisão cubana de assestar um golpe contundente contra os racistas em Cuito Cuanavale, antiga base da Otan, que a África do Sul tratava de ocupar a todo custo.
Aquele prepotente país foi obrigado a negociar um acordo de paz que pôs fim à ocupação militar de Angola e o fim do Apartheid na África.
O continente africano ficou livre de armas nucleares. Cuba teve que enfrentar, pela segunda vez, o risco de um ataque nuclear.
As tropas internacionalistas cubanas se retiraram com honra da África. Sobreveio então o Período Especial em tempo de paz, que durou já mais de 20 anos sem levantar bandeira branca, algo que não fizemos nem faremos jamais.
Muitos amigos de Cuba conhecem a conduta exemplar de nosso povo e lhes explico a minha posição essencial em breves palavras.
Não confio na política dos Estados Unidos nem troquei uma só palavra com eles, sem que isto signifique, muito menos, um rechaço a uma solução pacífica dos conflitos ou perigos de guerra. Defender a paz é um dever de todos. Qualquer solução pacífica e negociada aos problemas entre os Estados Unidos e os povos ou qualquer povo da América Latina, que não implique a força ou o emprego da força, deverá ser tratada de acordo com os princípios e normas internacionais. Defenderemos sempre a cooperação e a amizade com todos os povos do mundo e entre eles os de nossos adversários políticos. É o que estamos reclamando para todos.
O presidente de Cuba deu os passos pertinentes de acordo com suas prerrogativas e faculdades que lhe concedem a Assembleia Nacional e o Partido Comunista de Cuba.
Os graves perigos que hoje ameaçam a humanidade teriam que dar lugar a normas que fossem compatíveis com a dignidade humana. Nenhum país está excluído de tais direitos.
Foi com este espírito que lutei e continuarei lutando até o último suspiro.
Fidel Castro Ruz
26 de janeiro de 2015, às 12h35
Fonte: Granma; tradução de José Reinaldo Carvalho, editor do Portal Vermelho


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Lula defende Nação Latinoamericana diante de milhares de imigrantes bolivianos em São Paulo

Diante de milhares de bolivianos e visitantes da Feira da Alasita, na região central de São Paulo, Lula explicou porque é necessário fortalecer as relações entre Brasil e Bolívia, e também com o Mercosul e a Unasul. “Nós iremos construir uma nação latino-americana forte, com o povo vivendo em harmonia, trabalhando, estudando e tendo acesso à cultura.” Veja a participação de Lula no encontro:
 

Fundação Maurício Grabois discute agenda para Pessoas com Deficiência - Blog do Renato rabelo

Fundação Grabois discute agenda para Pessoas com Deficiência

Nesta quinta-feira, 22 de janeiro, o presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro, reuniu-se com os ativistas do Movimento Nacional de Pessoas com Deficiência (PcD), Alisson Azevedo e Deni Carlos Freitas. Foram discutidos os temas de maior relevância para o movimento na atualidade e a contribuição possível da Fundação para ampliar o debate sobre políticas públicas para esta população.
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Os ativistas do Movimento Nacional de Pessoas com Deficiência, Alisson Azevedo, à esquerda, e Deni Freitas são recebidos pelo presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro
Ativistas em Goiás, ambos lutam pelo protagonismo das PcD, visando dirigir as ações e políticas públicas voltadas para esta população. Segundo eles, muitas medidas são elaboradas por gestores públicos que não conhecem as demandas específicas desta população, o que acaba por implicar em gastos públicos com políticas ineficientes.

Freitas comemora os inúmeros avanços, desde o Governo Dilma, quando as Conferências Nacionais de Pessoas com Deficiência foram consolidando uma política de governo neste sentido. O grande aliado dos ativistas no Governo Federal é o secretário nacional de Pessoas com Deficiência, Antonio José Ferreira.
As políticas para esta população são transversais e incidem sobre ministérios como o da Educação, da Saúde, de Cidades, entre outros. O tema da acessibilidade urbana é, talvez, aquele que mais atende aos anseios dessas pessoas. Do mesmo modo, com a liderança do comunista Aldo Rebelo sobre o Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação, o tema da tecnologia assistiva pode avançar.
“A tecnologia assistiva tem avançado muito, mas a acessibilidade urbana, digital e tecnológica, é pouco produzida e inacessível para a população em geral. A articulação com o ministro Aldo pode ser um momento privilegiado para avançar essas políticas públicas”, diz Freitas. Azevedo acrescenta que o MCTI já conta com uma Secretaria de Inclusão Tecnologia, que desenvolve um Programa Nacional de Tecnologia Assistiva.
Monteiro, por sua vez, colocou a Fundação a disposição para a articulação de debates e agregar militância sobre o tema da tecnologia assistiva, no decorrer de 2015. “Podemos divulgar, por meio do Portal Grabois, da revista Princípios e das redes sociais da Fundação, o debate sobre políticas públicas para Pessoas com Deficiência e, assim, articular melhor a militância deste segmento”, afirmou o dirigente.

Grécia: Syriza conquista vitória eleitoral histórica - Portal Vermelho

Grécia: Syriza conquista vitória eleitoral histórica - Portal Vermelho

Com
mais da metade dos votos apurados, a Coalizão da Esquerda Radical
(Syriza, em grego), obteve 36 por cento da votação. Após serem
divulgados os primeiros resultados, o líder da coalizão Alexis Tsipras
qualificou a conquista deste domingo (25) nas eleições legislativas
gregas como vitória histórica.





Para o líder da coalizão esquerdista Syriza, Alexis Tsipras este é "o primeiro passo de um desenvolvimento progressivo na Europa".
Para o líder da coalizão
esquerdista Syriza, Alexis Tsipras este é "o primeiro passo de um
desenvolvimento progressivo na Europa".



Em um comunicado divulgado minutos após a publicação destes dados,
e num comício perante uma multidão no centro de Atenas, o líder da
coalizão de esquerda Syriza, Alexis Tsipras disse que sua vitória "é uma
conquista histórica que dá esperança para os cidadãos gregos que
votaram contra a austeridade " .



Para ele, este é "o primeiro passo de um desenvolvimento progressivo na
Europa" e afirmou ainda que "o novo governo vai implementar o seu
programa para acabar com a crise e iniciar as negociações com os
credores."



Os resultados apontaram que o Syriza poderá obter 149 cadeiras, faltando
apenas duas para alcançar a maioria absoluta em um parlamento com 300
representantes.



O Partido Comunista, em quinto lugar obteve 5,5% dos votos e deve eleger
15 deputados, resultado avaliado positivamente em nota emitida pelo
secretário-geral do Partido, Dimitris Kotsoumbas.



A coalizão Syriza faz oposição ao conservador Nova Democracia (ND), que é
governista e tomou  medidas drásticas de arrocho, de caráter
antissocial. A ND (segunda colocada)  foi severamente punida pelo
eleitorado, obtendo 28,9%. Em terceiro lugar aparece o partido fascista
Aurora Dourada, com 6,3%. A coligação centrista O Rio obteve seis por
cento dos votos, ficando em quarto lugar e os Gregos Independentes
aparecem em sexto, com 4,7%. Os sociais-democratas do Pasok com 4,6 por
cento dos votos caem para sétimo lugar. O Pasok já governou o país
várias vezes e integrava a coalizão de governo com o ND.



Alexis Tsipras inicia nesta segunda-feira (26) gestões para formar o novo governo.



Com informações de agências

Grécia recomeça com a Ley de Medios - Conversa Afiada

O novo Governo grego do partido de esquerda Syriza se elegeu com os compromissos do “programa de Salônica”, lançado na cidade de Salônica em setembro passado.

É uma “Carta aos Brasileiros” do Lula, de 2002.

O líder Alexei Tsipras se comprometeu a repudiar os termos dos acordos da Grécia com os bancos – especialmente alemães: “a austeridade ficou pra trás”, disse ele ao comemorar a vitória.

A dívida grega equivale a 174% do PIB.

A tentativa de pagar a dívida provocou desemprego em massa.

Entre jovens ultrapassa 50% – assim como na Espanha, onde um Governo também conservador aplica um programa do gênero Joaquim Levy e corre o risco de perder a próxima eleição para um partido jovem, de esquerda, o Podemos.

O programa de Salônica prevê:

- um Luz para Todos, especialmente nas casas que não tem como pagar pelo aquecimento no inverno;

- construção de moradias para os sem teto;

- aumentar o salário mínimo;

- reduzir o imposto dos pobres e da classe média;

- subsidiar a compra de comida e o transporte;

- ampliação do alcance da Saúde Pública.

E um capítulo muito interessante, que deveria merecer a atenção do Ministro Berzoini:

- refundar o sistema publico de televisão e audio-visual que foi canibalizado pelos neolibelês que o antecederam.

“Para promover a defesa do pluralismo e da qualidade, o serviço aos cidadãos, e ao espírito de equidade e probidade, sob a experiência do jornalismo militante dos últimos anos.”

As empresas privadas de telecomunicação – as Globo de lá – serão submetidas à lei (porque lá como aqui, a Globo não cumpre a Constituição, a de 1988). Da mesma forma, as concessões, as mudanças de controle acionário e a fiscalização seguirão a lei do pais !

Que horror !

4c. Nous allons retracer la carte des médias d’information en Grèce.

Nous allons refonder l’audiovisuel public grec – sous le label ERT supprimé par le gouvernement actuel et qui sera rétabli – en défendant le pluralisme et la qualité, le service des citoyens, l’esprit d’équité et de probité, en nous inspirant des expériences du journalisme militant des dernières années. Nous renforcerons aussi  les médias d’information locaux.

En ce qui concerne les médias d’information privés ils seront soumis aux obligations prévues par la loi auxquelles ils ont longtemps échappé grâce aux passe-droits accordés. Il en sera ainsi des licences, des cotisations sociales, de la fiscalité.
Navalha
O Brasil vai precisar quebrar, a juventude vai ter que se submeter a um desemprego de 50% para o Governo trabalhista fazer uma Ley de Medios.
Viva o Brasil !

Paulo Henrique Amorim




Medidas do Banco Central Europeu – um paliativo ao serviço dos interesses do grande capital financeiro - PC Português

Face à decisão hoje anunciada pelo Conselho de Governadores do Banco Central Europeu de medidas ditas de “expansão quantitativa”, o PCP salienta que:
1 – Estas decisões confirmam a persistência e a profundidade da crise económica e financeira na União Europeia e na Zona Euro, com a conjugação de crescimento económico “anémico” com deflação.
2 – Esta operação de expansão quantitativa (Quantitative Easing), através da qual se pretende comprar dívida soberana dos Estados-Membros no valor de 1,1 Biliões de Euros, não representa um financiamento directo aos Estados. Pelo contrário significa uma nova injecção de somas colossais no sistema financeiro sem qualquer garantia que se venha a traduzir em transferência de fundos para a chamada “economia real”. Trata-se de uma mega operação de fornecimento de liquidez aos bancos e aos grandes investidores institucionais detentores de títulos da dívida pública.
3 – A União Europeia insiste, assim, em políticas cuja falência esta decisão vem comprovar, ao mesmo tempo que força a persistência da austeridade, insiste na limitação das despesas sociais e do investimento público, impõe os cortes e o congelamento de salários e pensões e insiste nas ditas “reformas estruturais”. Esta decisão vem comprovar que a União Europeia não só não retira quaisquer lições do passado como insiste em medidas que já se provaram serem completamente ineficazes, medidas que perante a continuação e mesmo aprofundamento da liberalização dos mercados de capitais representam novos perigos de bolhas especulativas nos mercados financeiros, elas próprias propiciadoras de novas crises.
4 - A intervenção do BCE, não anulando contradições e clivagens no seio da União Europeia - nomeadamente sobre a natureza e instrumentos do próprio BCE – expressa os interesses do grande capital, nomeadamente o alemão, como é patente no envolvimento dos bancos centrais nacionais na assumpção dos riscos de incumprimento de uma mega operação que visa essencialmente dar resposta às pretensões e interesses do grande capital.
5 – No quadro em que a União Europeia e a União Económica e Monetária se confirmam como causas centrais da actual crise, esta medida não pode deixar de ser considerada como um paliativo incapaz de resolver as fundas causas da actual crise.
6 – A solução da profunda crise económica e social que afecta a generalidade dos Estados membros da União Europeia só pode ser resolvida por via de uma ruptura com as suas políticas e orientações, pela revogação do Tratado Orçamental, pelo abandono do Pacto de Estabilidade e pela rejeição da governação económica, entre outras. Um caminho que passa pela solução dos profundos problemas sociais e pelo respeito pela soberania dos Estados e pelo seu direito ao desenvolvimento económico e social. Um caminho que, no caso de Portugal, passa pela renegociação da dívida de acordo com os interesses nacionais; pelo estudo e preparação do País para a libertação do domínio do Euro; pelo fim das políticas de austeridade; por uma decidida política de investimento público; pelo reforço do poder de compra dos trabalhadores; pelo controlo público do sector financeiro, designadamente por via da nacionalização, no quadro de uma política alternativa patriótica e de esquerda

Uma rota de colisão com a classe trabalhadora - Adilson Araújo - Presidente da CTB

Uma rota de colisão com a classe trabalhadora


Adilson Araujo
A ênfase numa política econômica conservadora, ditada pelos interesses do capital financeiro e hoje sob o comando do ministro Joaquim Levy, está conduzindo o governo a uma perigosa rota de colisão com a classe trabalhadora e os movimentos sociais, cujos militantes tiveram papel decisivo na reeleição de Dilma Rousseff, em confronto aberto com os banqueiros, o todo poderoso mercado e a grande burguesia nacional e estrangeira. As medidas de austeridade fiscal até agora anunciadas tendem a provocar o agravamento da crise econômica, deprimindo o consumo e aumentando o desemprego. Sintomaticamente foram elogiadas até pelo famigerado FMI, que está impondo aos povos da Europa o desmantelamento do chamado Estado de Bem Estar Social.
No Brasil sequer alcançamos algo que mereça o nome de Estado de Bem Estar Social. Os salários, aposentadorias, direitos e conquistas acumuladas pela nossa classe trabalhadora são bem mais modestas. O custo unitário do trabalho é significativamente mais baixo. Ainda assim, a pretexto do desequilíbrio das contas públicas, o governo que julgamos democrático e popular recorre à redução dos direitos do povo trabalhador para concretizar o ajuste fiscal advogado com muito sensacionalismo pela mídia burguesa e exigido diuturnamente pelos que dão voz e vida ao mercado financeiro. Para indignação das centrais sindicais falou-se até em correção de distorções e fraudes para encobrir o verdadeiro objetivo dos pacotes de maldades anunciados até o momento: viabilizar o superávit primário. Trata-se de economizar cortando nos gastos com os mais pobres para pagar justos ou encher as burras dos rentistas.
Risco de recessão
A nova equipe econômica, cujo chefe (Levy) prometeu a grandes empresários estrangeiros reunidos em Davos nesta quarta-feira, 21, um “duro ajuste”, já subtraiu de cerca de dois terços dos trabalhadores e trabalhadoras o direito ao seguro-desemprego, segundo estimativas do Dieese, restringiu o direito à pensão, ao salário família, auxílio doença. Notemos que a presidenta Dilma disse que não reduziria direitos trabalhistas “nem que a vaca tussa”, mas os compromissos com nossa classe assumidos durante a campanha estão sendo sacrificados no altar da política fiscal, num ritual aplaudido pela burguesia financeira e a mídia empresarial.
O governo também vetou o reajuste de 6,5% sobre a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física, aprovado pelo Congresso, elevou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de crédito para arrochar ainda mais o consumo (que está estagnado), enquanto o BC aumentou em 0,5% a taxa básica de juros (Selic, que subiu a 12,25%). Tudo isto caminha na contramão do que o Brasil precisa, uma vez que joga mais lenha na fogueira da recessão econômica, estimula demissões em massa e aumenta a concentração da renda. Por isto, tais medidas têm merecido a condenação unânime do movimento sindical brasileiro ao passo que são recebidas com indisfarçável deleite por banqueiros, especuladores, investidores internacionais e FMI.
Caráter de classe
Nosso pobre país destina o equivalente a 6% do PIB ao pagamento dos juros da dívida pública, bem mais do que se gasta em educação e saúde, cujos orçamentos são sacrificados em benefício dos rentistas. É uma realidade escandalosa, que traduz uma colossal e infame transferência de renda da sociedade para os credores e impõe uma lógica perversa à macroeconomia. O ajuste fiscal é apresentado como uma necessidade histórica objetiva, além de indispensável à governabilidade. Mas o discurso oficial encobre o fato de que a orientação econômica tem caráter de classes e, no caso em tela, contempla os interesses do capital em detrimento do trabalho. Aqui (onde apesar da derrota da direita nas eleições presidenciais o neoliberalismo está se impondo) assim como na Europa e em outras partes do mundo.
Alternativas existem e os movimentos sociais, com o respaldo de muitos economistas progressistas, não cansam de apontá-las. Se é real a necessidade de um maior equilíbrio das contas públicas é preciso que se diga em primeiro lugar que o déficit existente (classificado como déficit fiscal nominal) é provocado exclusivamente pelas despesas financeiras (juros) e, ainda, que receitas podem ser ampliadas e gastos reduzidos, se necessário, sem sacrificar os interesses do povo e o desempenho da economia, que pode ser precipitada ao pântano da recessão.
Direitos sagrados
O Jornal do Trabalhador, editado unitariamente pelas centrais (CTB, CUT, FS, UGT, NC e CSB) para convocar o Dia Nacional de Lutas de 28 de fevereiro contra os pacotes de maldade, sugere uma receita com quatro medidas: instituição do Imposto sobre Grandes Fortunas; taxação das remessas de lucros e dividendos ao exterior (que, de quebra, contribuiria em muito para o controle do déficit externo em contas correntes); revisão das desonerações (sobretudo em ramos controlados por multinacionais, que com a renúncia fiscal ampliaram seus lucros e, ao mesmo tempo, as remessas às matrizes) e redução dos juros (que originam o déficit público). Seria um ajuste mais suave, feito à custa dos ricos, a economia nacional ficaria mais animada e a classe trabalhadora agradecida, sem a sensação de uma punhalada pelas costas na véspera do Carnaval.
Não podemos é abrir mão da luta em defesa dos interesses da sofrida e explorada classe trabalhadora, cujas conquistas e direitos, arrancados com sangue, suor e muitas lutas, são sagrados para nós. Temos consciência de que é possível e necessário mudar a lógica e os rumos da política econômica e vamos redobrar nossos esforços de mobilização das bases para as batalhas que realizaremos neste sentido, começando pelo dia 28 de janeiro e passando pela Marcha da Classe Trabalhadora convocada para 26 de fevereiro. Teremos muita briga pela frente.

Por Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)