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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Editora argentina lança livros infantis de personagens “antiprincesas” - Portal Vermelho

Editora argentina lança livros infantis de personagens “antiprincesas” - Portal Vermelho

Elas não
viveram em castelos, não se destacaram por sua dedicação aos afazeres
domésticos, não sonharam com bailes em palácios e príncipes encantados.
As personagens dos livros infantis recém-lançados pela editora
Chirimbote, da Argentina, são mulheres reais e fantásticas, que marcaram
as artes e a história da América Latina.





Divulgação
Ilustração de Frida nas histórias "antiprincesas"
Ilustração de Frida nas histórias "antiprincesas"


A pintora mexicana Frida Kahlo e a multitalentosa Violeta Parra,
ícone da música popular chilena, são as protagonistas dos primeiros
livros da coleção “Antiprincesas”, que em breve ganhará mais um número,
dedicado à vida de Juana Azurduy, heroína das lutas pela independência
da Argentina e da Bolívia.



“Escolhemos mulheres que transcenderam sua época, que romperam com o que
se esperava delas, mas que também tenham trabalhado com outras pessoas e
se dedicado a construir de forma coletiva. Essa é uma condição para ser
antiprincesa”, explica Nadia Fink, autora dos livros em parceria com o
ilustrador Pitu, em entrevista a Opera Mundi.



“As princesas esperam sozinhas, buscam a felicidade individual e um
final feliz em que necessariamente aparece um príncipe ou, no máximo,
uma família. Nós valorizamos outras formas de viver”.



Revolução e amor livre



E é por isso que entre fotos de Frida quando criança e ilustrações que
recriam seus quadros e seu inconfundível buço, salta do texto um pequeno
box com a definição de revolução – “quando se modifica o que está mal
(entre muitas pessoas)”. A explicação aparece na parte da história em
que se conta que, apesar de casados, o muralista Diego Rivera e Frida
“tiveram outros amores, mesmo estando juntos” e que “para Frida, o amor
acontecia com homens e com mulheres.”



“Como explicar essa tentativa [de Diego e Frida] de viver um amor livre,
de não se relacionar de maneira estereotipada, de considerar a
possibilidade de estar com outras pessoas, sem explicar que isso
aconteceu em um contexto revolucionário?”, indaga Fink.

Já a antiprincesa Violeta Parra, nascida em uma família de trabalhadores
pobres, é autodidata, multitalentosa e viaja por seu país, Chile,
compilando canções populares que comoveram o mundo em sua voz poderosa.



“Graças ao violão, deixei de descascar batatas.”



Quando Violeta se separa de seu primeiro marido, Luis Cereceda, um
pequeno quadro com um bigode abre aspas: “Pode ficar com a sua arte, eu
vou embora para sempre”. E na página seguinte, uma ilustração de um
homem partindo, enquanto uma mulher sorri e abraça seus filhos enquanto
diz que sua única vantagem em relação a outras mulheres do Chile “é que,
graças ao violão, deixei de descascar batatas.”



“Não queríamos maquiar essas mulheres ou retratá-las de forma leviana,
porque foram mulheres que trabalharam com profundidade tudo que
fizeram”, frisa Fink.



A autora explica que os livros retratam o caminho político de suas
protagonistas, independente de suas posições partidárias ou ideológicas,
com o cuidado de não transformar os contos em panfletos. “A intenção é
disparar ideias nas crianças, não apresentar pensamentos fechados. Não
queremos diminuir cabeças, queremos ampliá-las”, avisa a escritora.
“Também não queremos matar as princesas, queremos mostrar outras
realidades com as quais as crianças possam se identificar.”



Frida e Violeta não viveram felizes para sempre. A pintora mexicana
morreu jovem depois de uma longa agonia e de uma vida marcada pelas
doloridas sequelas de um acidente na adolescência. A cantora chilena se
suicidou pouco antes de chegar aos 50 anos. Para falar desses desfechos
que não se parecem a contos de fadas, Fink optou pelo realismo mágico,
no caso de Frida, e por deixar em aberto, no caso de Violeta. “Decidimos
falar da morte de Frida a partir das lendas mexicanas. No caso de
Violeta, preferimos deixar que cada adulto que esteja acompanhando a
criança que lê o livro decida como abordar o assunto”, explica.



Depois das histórias, os livros convidam os pequenos leitores a fazer
autorretratos em frente ao espelho, como fazia Frida, e a pesquisar
canções antigas em conversas com pessoas mais velhas, como fazia
Violeta. Convidam crianças a brincar de ser antiprincesas.





Fonte: Opera Mundi

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