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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

ENTREVISTA: YANN EVANOVICK E OS DOIS ANOS DE GESTÃO NA UBES | UNE - União Nacional dos Estudantes

ENTREVISTA: YANN EVANOVICK E OS DOIS ANOS DE GESTÃO NA UBES | União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

Leia a entrevista que o site da UNE fez com o presidente da entidade, alguns dias antes da eleição de uma nova diretoria

Começa hoje, quinta-feira, dia 1 de dezembro, o maior encontro do movimento estudantil secundarista: o 39º Congresso da UBES. Desta vez, é a capital de São Paulo quem receberá mais de 5 mil jovens dos quatro cantos do país. De todos os lugares, eles chegarão na mais populosa cidade do continente e uma das mais cosmopolitas do mundo para questionar, pintar as caras, tuitarem, postar fotos no facebook, montar um grêmio, debater, ouvir e ser ouvido. Além, é claro, de eleger o novo presidente e a diretoria da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES).

Em dezembro de 2009, na cidade de Belo Horizonte, ocorria o 38º CONUBES, quando o estudante amazonense Yann Evanovick, de 19 anos até então, foi eleito para estar a frente desta que é considerada uma das mais importantes e combativas entidades do movimento social, tendo no currículo a liderança das imensas manifestações pelas “Diretas Já!”, o “Fora Collor!” e o enfrentamento ao neoliberalismo da década de 1990.

“Para além da honra de presidir a UBES, ter um representante do norte na entidade é muito importante”, fala em voz alta o amazonense, que gosta de conversar gesticulando, olhando nos olhos e sempre com casos e histórias para contar. Yann é aquele cara gente boa, carismático, não gosta de beber muito e é bairrista moderado, a ponto de dizer que adora o Brasil, tem predileção pelo Amazonas e um dos seus lugares preferidos é um bar chamado Mormaço, que fica em Belém, no Pará.

Evanovick começou a sua militância no movimento estudantil em passeatas contra o aumento do preço das passagens e pela qualidade do transporte público em seu estado. Logo se tornou uma referência e chegou à presidente da União Municipal de Estudantes Secundaristas (UMES-Manaus), tendo realizado grandes mobilizações nas ruas de sua cidade natal. “Temos aqui uma grande história de luta por esse direito. Esse ano, inclusive, os estudantes de lá, mais uma vez, realizaram grandes manifestações contra o aumento das tarifas”, lembra.

Ao longo dos dois últimos anos, à frente da UBES, encabeçou campanhas nacionais do movimento estudantil que tiveram importante repercussão na sociedade, como a defesa dos 10% do PIB e 50% do fundo social do Pré-sal para educação. Sua gestão comemora conquistas históricas, como a aprovação da PEC e do Estatuto da Juventude, criando marcos legais de políticas públicas para os jovens dentro do estado brasileiro. Foi nessa gestão que o termo juventude passou a fazer parte da nossa constituição.

Yann relembra ainda como ponto de destaque a realização de dois momentos: o 1º Encontro Nacional de Grêmios, que reorganizou a rede do movimento estudantil; e o 1º Encontro de Mulheres da UBES, quando questões como o machismo dentro das escolas foram fortemente discutidas. “Nunca havia sido realizado um encontro tão grande dessa natureza. Isso demonstrou uma base muito preparada e coesa da entidade”, diz.

A gestão também vivenciou um momento especial, quando foi eleita a primeira mulher presidente do Brasil. Pela conscientização e incentivo à participação política da juventude, a UBES realizou a campanha “Se liga 16! 2010 é a nossa vez”, fez uma grande Jornada de Lutas nos meses de março e coloriu Brasília no Agosto Verde e Amarelo, manifestação que contou com a presença da líder estudantil chilena Camila Vallejo. “Em nossa Jornada de Lutas, realizamos cerca de 40 passeatas em todos os estados do Brasil e cerca de 120 ocupações. Foram momentos muito importantes”, ressalta.

A poucos dias de deixar para trás amigos feitos em São Paulo, local para qual se mudou após ser eleito, e muitas histórias de conquistas, lutas e dificuldades, Yann falou nesta entrevista sobre sua vontade de seguir na política, a satisfação de ter conhecido pessoalmente o ex-presidente Lula e a referência que tem de formação e ensinamentos vindos da mãe, dona Yvana Evanovick. Abaixo, conheça um pouco mais da gestão que termina no próximo domingo, dia 4, quando se encerrará o 39º Congresso da UBES.

COMO VOCÊ COMEÇOU A FAZER PARTE DO MOVIMENTO ESTUDANTIL?

Comecei minha história na militância justamente na luta por um transporte público de preços justos e de qualidade para o Amazonas. Lembro que quando eu estava na escola teve um aumento nas tarifas do ônibus e alguns colegas de classe deixaram de ir à escola por causa disso. Esse não era um problema que eu vivia diretamente, mas nem todos meus colegas de classe viviam essa mesma realidade. Isso me indignou e fui participar de uma manifestação que estavam organizando. Na época, os estudantes não tinham dinheiro para nada, nem para comprar um megafone para a manifestação. Eu fiquei, então, pedindo dinheiro no farol, junto com outros, para conseguir comprar um megafone. Isso foi rápido, tive que voltar para a aula, mas a partir daí que tudo começou.

E DEPOIS?

Montamos uma chapa para organizar um grêmio na escola. Foi um processo demorado, mas conseguimos fazer eleições e vencemos. Eu era vice-presidente da chapa. Nossas bandeiras de luta eram mais um bebedor na escola, que só tinha um, ar condicionado nas salas, uma quadra poliesportiva e reformar a piscina do colégio. Mas foi uma época muito legal e importante para mim, nós vimos que podíamos nos organizar e mobilizar mais estudantes para a luta.

VOCÊ TEM ALGUMA REFERÊNCIA, ALGUMA PESSOA COM QUEM VOCÊ SE ACONSELHA OU CONVERSA SOBRE AS COISAS?

Olha, várias pessoas me inspiram, mas para ser sincero, o meu maior exemplo de vida, não só na política, mas em todas as outras áreas, é a minha mãe. Ela me ensinou a ser humano, a me preocupar com os outros. Acho que isso é o mais importante, independente de qualquer escolha e corrente política que uma pessoa tenha, o mais importante é, no final das contas, enxergar e valorizar o outro.

UMA CAMPANHA IMPORTANTE REALIZADA NA SUA GESTÃO FOI A “SE LIGA 16! 2010 É A NOSSA VEZ”. QUAIS A SUA OPINIÃO SOBRE JUVENTUDE E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA?

O jovem sabe muito bem o que quer, educação, cultura… As formas de mobilizações dos jovens sofreram mudanças através do tempo. Há alguns anos, a forma mais tradicional de mobilização era nas ruas, como aconteceu com os caras pintadas em 1992. Hoje em dia, com o advento da tecnologia, basta uma tuitada para que um movimento consiga atrair multidões. No entanto, as mobilizações de rua, mesmo com os padrões atuais de tecnologia, ainda surtem muitos efeitos.

O Se Liga 16 é uma campanha de incentivo ao voto realizada em todo o Brasil. A UBES está à frente do projeto desde a volta às eleições diretas, em 1989. Ela faz a ponte entre o mundo da democracia e o jovem, e usando uma linguagem próxima dos jovens, pretende mobilizá-los com relação ao voto. É muito importante o jovem votar aos 16 anos. Essa iniciação do voto dá aos jovens a dimensão do poder que eles têm de construir um país melhor e exercer a democracia através do voto. Nossa, eu lembro quando pude tirar meu título de eleitor para votar pela primeira vez! Estava tão ansioso que quase dormi na fila para poder votar. Tive a sorte de eleger um presidente na minha primeira eleição, votei no Lula.

COMO PRESIDENTE DA UBES, VOCÊ ENCONTROU O LULA ALGUMAS VEZES. O QUE TEM A DIZER DO EX-PRESIDENTE?

Tive o oportunidade de viajar com o Lula e pude conversar muito com ele. Ele é um grande homem, eu diria que um dos que mais entende o que é o Brasil. Além disso, o que admiro muito nele é sua humanidade. Mais uma vez a questão que minha mãe me ensinou de ser humano. Ele é muito humano. Eu estou torcendo muito para a sua recuperação.

A SUA GESTÃO PODE AGORA SER CONHECIDA COMO AQUELA QUE COLOCOU O TERMO JUVENTUDE NA CONSTITUIÇÃO. COMO VOCÊ ANALISA A IMPORTÂNCIA DA APROVAÇÃO DA PEC E DO ESTATUTO DA JUVENTUDE?

São, com certeza, vitórias importantíssimas do movimento estudantil e da juventude brasileira. Além de a juventude estar respaldada com a promulgação, a Carta Magna repara erros históricos, como por exemplo, a inexistência do conceito de juventude, o que dificultava a destinação de recursos financeiros para melhorias na estrutura de formação do jovem no país. A aprovação da PEC da Juventude e, agora, o Estatuto da Juventude, são conquistas de gerações e que colocam marcos legais para os jovens dentro do estado brasileiro.

DEPOIS DO CONGRESSO, PENSA EM FAZER O QUE?

Vou voltar para minha terra, vou prestar vestibular e fazer faculdade. Inclusive, fiz o ENEM no mês passado. Mas minha vida é política, em todo lugar que eu vou, na universidade não será diferente. Quero continuar militando no movimento estudantil. Mas eu também quero estudar, sempre fui um bom estudante, sempre gostei de aprender e de assistir aula.

QUEM SABE SER PRESIDENTE DA UNE…

Acredito que ser presidente da UNE e da UBES é um grande sonho de todos os jovens que militam no movimento estudantil. Quem sabe não volto à São Paulo daqui alguns anos…! (risos). Isso seria muito legal também, pois em sua história a UNE teve poucos presidentes do norte, apesar do movimento estudantil estar cada vez mais forte e organizado lá. É só ver as grandes manifestações que conseguimos organizar por lá.

EM SUA OPINIÃO, QUAIS OS PRINCIPAIS DESAFIOS DA PRÓXIMA GESTÃO?

Nos dois últimos anos nós tivemos muitas conquistas importantes, realizamos grandes encontros, como o 1º Encontro Nacional de Grêmios e o 1º Encontro De Mulheres. Agora, sem dúvida, a UBES tem grandes desafios pela frente. Hoje em dia, por exemplo, a comunicação é uma prioridade também. Enfim, os desafios vão para além de nossas bandeiras de luta, mas tenho certeza que a próxima gestão terá competência para fazer desses dois anos um grande momento

VOCÊ É DO AMAZONAS, O QUE ACHOU DE MORAR EM SÃO PAULO NOS ÚLTIMOS DOIS ANOS?

Eu adoro São Paulo, aliás, adoro o Brasil, mas como bom amazonense, não teria como eu não ter predileção pelo Amazonas. Aliás, uma coisa eu quero que vocês coloquem nessa entrevista, um dos meus lugares preferidos no Brasil… fica em Belém, no Pará, é um bar chamado Mormaço. Toca todo tipo de música, eu adoro. Piso em Belém e quero ir para lá!

SUA VIDA É UMA LOUCURA, VIAJA MUITO, NUNCA PARA EM LUGAR NENHUM… DÁ TEMPO DE IR EM BAR, SAIR, NAMORAR?

Olha, a vida de militância não é fácil mesmo. Tirando a parte de não parar nunca em lugar nenhum, tem dias que não temos dinheiro nem para comer. Acabei de gastar meus últimos trocados para cortar o cabelo (risos). Mas, ainda assim, sempre dá para fugir da rotina e passear, namorar, enfim. Dá para administrar todas as áreas da vida.

Da Redação

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