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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Volta de Baby Doc tumultua ainda mais cenário político no Haiti - Portal Vermelho

Volta de Baby Doc tumultua ainda mais cenário político no Haiti - Portal Vermelho

Dois dias após retornar ao Haiti alegando querer ajudar as vítimas do terremoto do ano passado, o ex-ditador Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, foi detido nesta terça (18) pela polícia, e acusado formalmente por corrupção, roubo, apropriação indébita de fundos e outros delitos cometidos no seu governo, entre 1971 e 1986. O reaparecimento do político torna ainda mais conturbado o cenário em um Haiti já tão massacrado.

Levado por policiais fortemente armados, Baby Doc deixou o luxuoso Hotel Karibe, onde estava desde que retornou abruptamente após 25 anos de exílio na França, e entrou num carro da polícia, acenando a simpatizantes que o chamavam de presidente. O caso será agora analisado por um juiz, que determinará se há provas suficientes para levá-lo a julgamento. À noite, o ex-ditador foi reconduzido a seu hotel e impedido de deixar o país.

Ainda que ele não seja condenado, a notícia surpreendeu os haitianos, num país acostumado à impunidade de seus governantes. Apesar de ser uma oportunidade de esclarecer crimes cometidos durante seu governo - como desvio de cerca de US$600 milhões -, o retorno abrupto de Baby Doc contribui para aprofundar a crise política no país, num momento em que o resultado do primeiro turno das eleições presidenciais vem sendo contestado.

A tensão era ainda maior diante das declarações do advogado de Jean-Bertrand Aristide, derrubado em 2004, de que o ex-presidente também teria intenções de retornar ao Haiti de seu exílio na África do Sul. Apoiadores do ex-presidente o consideram o primeiro líder democraticamente eleito do Haiti. Sua imagem de “amigo dos pobres” também é presente nos relatos que demonstram descontentamento com os muitos anos de tutela do território haitiano por outras nações.

Polarização

A Anistia Internacional, que havia pedido uma ação do governo haitiano contra Baby Doc, elogiou a detenção do político, sublinhando que é apenas um começo.

"Se a verdadeira justiça for feita no Haiti, as autoridades haitianas precisam abrir uma investigação criminal sobre a responsabilidade de Duvalier pelos inúmeros abusos de direitos humanos que foram cometidos no seu governo, incluindo tortura, prisões arbitrárias, estupro, desaparições e execuções extrajudiciais", disse a organização.

Tentando impedir que Baby Doc fosse levado pela polícia, grupos de partidários levantaram barricadas e queimaram pneus nas ruas diante do comboio policial.

Do lado de fora do tribunal, centenas de simpatizantes do político protestavam, queimando pneus e pedindo a prisão do presidente René Préval. Um dos manifestantes, Chal Christen, de 56 anos, balançava uma bandeira do partido de Baby Doc, que ele havia guardado desde que o "presidente vitalício" foi deposto numa rebelião popular, e forçado a se exilar.

O cenário era apenas uma amostra da crescente polarização da população desde o retorno de Baby Doc. Enquanto ontem algumas pessoas exaltavam o seu governo, outros lembravam os 15 anos de sua gestão como um dos períodos mais sombrios da História do país, uma sequência do regime sanguinário de seu pai, François Papa Doc.

Bobby Duval, um antigo astro do futebol, afirmou que foi torturado durante os 17 meses em que ficou preso arbitrariamente pelo regime de Baby Doc. "Ele é um ladrão assassino. Um país que não tem memória está condenado a repetir os mesmos erros", disse.

O retorno de Baby Doc levou também a mídia haitiana a especular sobre a possibilidade da volta de Aristide, no exílio desde 2004, mas que ainda desfruta de um forte apoio no país. Rádios locais noticiam boatos de que Aristide está a caminho de Porto Príncipe, mas as informações não são confirmadas. O advogado do ex-presidente, Ira Kurzban, porém, disse que Aristide quer voltar à terra natal.

A volta do ditador Baby Doc a Porto Príncipe ainda é cercada de dúvidas e ocorre em um momento de instabilidade política devido às suspeitas de fraudes nas eleições. No último dia 13, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, entregou às autoridades haitianas um relatório com "recomendações" sobre o processo eleitoral.

Eleições complicadas

Nesta quarta (19), a OEA tornou público o documento, no qual considera o cantor e candidato Michel Martelly o segundo colocado do primeiro turno, em detrimento do governista Jude Celestin, apontando que teria havido fraude. O texto indica que, na recontagem dos votos, Martelly teve 227.467 votos (7.150 menos que na contagem inicial), contra 224.242 votos de Celestin (menos 17.220).

Martelly, um cantor popular no país, disputaria, então, o segundo turno com a ex-primeira-dama Mirlande Manigat, que perdeu 13.830 votos na recontagem, segundo a OEA, passando a somar 323.048. Mas funcionários do Conselho Eleitoral do Haiti disseram que não se veem obrigados a cumprir as recomendações da OEA e eliminar o candidato governista do segundo turno da disputa.

Em declaração difundida ainda na noite da terça, o órgão rejeitou o relatório. O Conselho Eleitoral disse que o documento é apenas mais um elemento entre as tantas apelações contra os resultados anunciados. O segundo turno deveria ter sido realizado no final de semana passado, mas a indefinição levou ao adiamento. A volta de Jean-Claude Duvalier terminou por desviar a atenção da disputa eleitoral.

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