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quarta-feira, 20 de agosto de 2008

África do Sul: evento inédito propõe articulação progressista


Dois eventos realizados no último final de semana em Joanesburgo, África do Sul, marcaram a retomada da articulação de forças comunistas, aintiimperialistas, progressistas e de esquerda no continente. De 14 a 16 de agosto, teve lugar o seminário sobre democracia participativa, promovido pelo Partido Comunista da África do Sul e pelo Fórum Internacional da Esquerda da Suécia, ligado ao partido da esquerda do país nórdico. Participaram partidos, movimentos políticos e personalidades de 20 países africanos.





De outros continentes, além dos suecos, estiveram representados o Partido Comunista da Grécia, o Partido Comunista Cubano, o Partido Socialista Unido da Venezuela, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - Via Campesina, do Brasil, e o Partido Comunista do Brasil, através do secretário de Relações Internacionais José Reinaldo Carvalho. No dia 17, domingo, desenvolveu-se uma reunião estritamente partidária com o sugestivo título ''Construindo uma rede de partidos progressistas, comunistas, de trabalhadores e de esquerda pela paz e o socialismo, contra o neocolonialismo e o imperialismo na África''.

O seminário sobre democracia participativa deu lugar a uma abrangente discussão sobre a situação internacional e a trágica realidade do continente africano. Blade Nzimande, secretário-geral do Partido Comunista da África do Sul, apresentou a intervenção de abertura, ressaltando o ineditismo da iniciativa no continente: ''Há numerosas razões pelas quais esta conferência é tão histórica e importante. Inicialmente porque é a primeira vez que se realiza uma conferência com esta natureza e que partidos progressistas e forças de esquerda de diferentes lugares se reúnem para discutir temas de interesse comum''.

O dirigente comunista sul-africano, em sintonia com a opinião corrente no movimento comunista internacional e compartilhada pelos comunistas brasileiros, destacou ''o fracasso do capitalismo em fazer face às necessidades da humanidade''. Nzimande afirmou que ''o sistema capitalista global encontra-se mergulhado numa profunda crise sistêmica, o que não quer dizer que o capitalismo se destruirá por si mesmo, ou que o futuro socialista chegará automaticamente. Significa – asseverou o dirigente sul-africano – que o capitalismo revela-se como um sistema bárbaro, sem respostas aos desafios de nossa época''.


Referindo-se à crise dos Estados Unidos, o líder do PC sul-africano apresentou uma opinião semelhante às conclusões do último congresso do PCdoB: ''Vivemos em um período, possivelmente longo, em que crescentemente os EUA perdem sua posição dominante no sistema capitalista mundial''. Sobre a posição política básica do PC da África do Sul e os problemas internacionais, Blade Nzimande declarou que o seu partido continua profundamente comprometido com a solidariedade internacional dos trabalhadores e com a construção de um forte movimento progressista mundial pela paz, oposto à guerra. Ele reafirmou também o engajamento do seu partido na construção no continente africano de um movimento progressista pela paz, a democracia e o socialismo.


Detendo-se especificamente na realidade da África, o dirigente do PC sul-africano enfatizou que a tarefa fundamental a enfrentar é levar adiante e completar a revolução nacional-democrática em todos os seus aspectos e dimensões. Nzimande relaciona a crise, a marginalização e o empobrecimento da África ao sistema imperialista global e à falência durante muitas décadas das elites locais baseadas numa agenda neocolonial, assim como à degeneração e em alguns casos o colapso de muitas revoluções nacional-democráticas levadas a cabo pelos anteriores movimentos de libertação.


Depois de ressaltar que a democracia representativa encontra-se em crise também na África e chamar a atenção para o correto equacionamento da luta democrática com a luta pelo desenvolvimento nacional e social, o dirigente do PC sul-africano destacou o papel central das massas populares e da luta de massas, assinalando que o objetivo estratégico é o futuro socialista, não apenas em tese, mas com visão prática. ''O socialismo é o futuro. Construamo-lo desde agora''.

O seminário aprovou a ''Declaração de Joanesburgo'', que ressalta entre outros tópicos que o continente africano tem sido e continua sendo arruinado pelos efeitos do neocolonialismo, da burguesia associada e do imperialismo, devastado por enfermidades curáveis, entre elas a malária e a tuberculose, pelo subdesenvolvimento, pela pobreza abjeta e precárias condições de vida que afetam a maioria das populações. Isto, num continente que é um repositório de abundantes riquezas minerais, além da biodiversidade e de recursos hídricos e que o sistema capitalista e as forças imperialistas continuam enriquecendo e fortalecendo um punhado de capitalistas, ao passo que alguns governantes corruptos continuam oprimindo o povo.


O documento declara ainda o apoio à libertação dos povos da África, da classe operária, das comunidades rurais e camponesas e chama as forças progressistas do continente e de todo o mundo na construção de um mundo livre do imperialismo e do neocolonialismo, luta pelo socialismo. Defende ainda a luta pela total emancipação da mulher do patriarcado, contra o obscurantismo religioso e a opressão; a luta pela solução do problema da posse da terra; a promoção da democracia participativa; a solidariedade com todos os povos que na África e em outros continentes sofrem sob a vigência de regimes repressivos. Coloca também a solidariedade com os povos latino-americanos em luta para construir alternativas, o apoio à revolução cubana, a luta contra o bloqueio e pela libertação dos cinco patriotas presos nos Estados Unidos.


Nova articulação


Finalizado o seminário, os partidos de esquerda presentes em Joanesburgo reuniram-se para criar a rede de partidos progressistas, comunistas, de trabalhadores e de esquerda da África. Falaram sobre as realidades de seus países e os problemas regionais e internacionais os seguintes partidos: Partido Comunista da África do Sul, Frente Nacional de Botswana, Partido Comunista do Egito, Partido Social Democrático de Quênia, Partido Comunista de Lesoto, Partido Democrático Progressista de Malawi, Forças Democráticas Unificadas de Ruanda, Partido Comunista do Sudão, Movimento Democrático Popular Unificado da Suazilândia, Núcleo Socialista Campala de Uganda, Frente Polisário do Sahara Ocidental, Movimento Progressista de Zâmbia, além do Partido de Esquerda as Suécia e do Partido Comunista da Grécia, da Europa e do Partido Comunista de Cuba e do Partido Comunista do Brasil da América Latina.



A reunião decidiu criar o Centro Africano de Informação e Comunicação de Esquerda como um fórum de debates e um sítio de Internet e convocar uma Conferência anual das forças comunistas e progressistas para o debate de temas políticos e ideológicos.
PCdoB saúda a África


Para o dirigente do PCdoB, José Reinaldo Carvalho, ''o acerto da decisão dos camaradas sul-africanos ao realizarem estas atividades fica evidente quando observamos os principais traços da realidade internacional – aprofundamento da crise sistêmica do capitalismo; agravamento das contradições sociais, nacionais e interimperialistas; imposição de políticas neoliberais e neocolonialistas aos países dependentes, intensificação do militarismo e da política de guerra do imperialismo; violação do direito internacional e falência do sistema multilateral.


O dirigente do PCdoB, além de participar dos mencionados eventos, dedicou-se às reuniões bilaterais com os partidos presentes e visitou importantes marcos da luta democrática do povo sul-africano: o Museu do Apartheid e a Praça da Constituição. Retorna ao Brasil nesta segunda-feira,18, impactado pela marcante experiência de reunir-se com revolucionários no continente africano. ''Devo dizer que para os comunistas brasileiros foi um aprendizado escutar tão profundas e abrangentes discussões e intervenções, o que muito enriquece a nossa experiência.



Além do mais, estar na África revolve os nossos sentimentos. Na África estamos em nosso berço, no convívio com os africanos é como se voltássemos às nossas origens, pois aqui vive a mãe de nosso povo, a Mama África. Nos povos africanos encontramos parte importante dos fundamentos da civilização brasileira, pelo que somos e seremos eternamente gratos'', afirmou.



Da Redação do Vermelho (www.vermelho.org.br)




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